Dragões - 201605

(PepeLegal) #1
REVISTA DRAGÕES maio 2016

destino: final 25


GUARDA-REDES MARCA


As estatísticas não entram em campo, são números
que servem apenas para contar a história. O FC
Porto parte à conquista do seu 17.º troféu na sua 29.ª
presença numa final da Taça de Portugal. Chega
ao Jamor com seis vitórias em outros tantos jogos,
contra cinco do Braga, que ainda soma um empate
(a meia final é a duas mãos, recorde-se). Marcou 11
golos, tantos quantos o adversário, mas sofreu menos,
porque os minhotos encaixaram três e os portistas
não encaixaram nenhum.
Na Taça, Helton é o dono da baliza – é, aliás, o único
totalista dos azuis e brancos, com 540 minutos
jogados - e chega à final com ela fechada a sete chaves,
um feito que os azuis e brancos não alcançavam
desde a edição de 1984/85. Foi na Póvoa, frente ao
Varzim, na terceira eliminatória, que o capitão do
FC Porto regressou à titularidade num jogo da Taça,
mais de quatro anos depois do seu último na prova,
a 2 de fevereiro de 2011, na primeira mão da meia-
final, frente ao Benfica. Não teve grande trabalho,
tal como na eliminatória seguinte, nos Açores,
diante do Angrense. O mesmo já não se pode dizer
do encontro dos “oitavos”, em Santa Maria da Feira,
frente ao Feirense. Aí, foi decisivo com duas belas
intervenções, a última das quais a um minuto dos
90, quando, imperial, impediu Platiny de devolver o
empate ao marcador inaugurado cedo por um golo
de Aboubakar.
Foi, no entanto, no Estádio do Bessa, no jogo dos
“quartos” frente ao Boavista, que Helton se tornou
herói. Começou por dizer presente aos 50 minutos
com uma grande defesa a um remate de Renato
Santos e, ao quinto minuto de descontos do jogo,
parou com a mão direita um penálti de Douglas
Abner, numa altura em que o FC Porto jogava em
inferioridade numérica desde o minuto 68. O que


pensou o guarda-redes quando se viu cara-a-cara
com o compatriota? “Responsabilidade acrescida”,
admite, lamentando a falta de reconhecimento do
seu mérito e a exaltação do demérito do adversário.
“A responsabilidade é igual tanto para um como para
outro, até porque tanto aquele que o vai tentar marcar,
como aquele que vai tentar defender, trabalham e
treinam para isso”, argumenta. “Senti-me muito à

“Senti-me muito à vontade naquele momento e,


felizmente, consegui concretizar o meu objetivo


maior, que era defender o remate e poder ajudar


a equipa a qualificar-se para as meias-finais”


totalista do FC Porto na competição, deixava ali
a sua marca. “Foi o momento em que consegui
ajudar a fortalecer ainda mais o ânimo da equipa
e a vontade de vencer, que não faltava”, explica à
DRAGÕES o guarda-redes que, ao lado de Varela



  • também titular nesse jogo -, é um dos jogadores
    do atual plantel que participou na conquista do
    sétimo título internacional da história portista.
    Num jogo com poucas oportunidades de golo,
    aquela seria a melhor de todas dos minhotos
    e Helton contribuía decisivamente para que a
    baliza se mantivesse fechada a sete chaves até ao
    apito final de Carlos Velasco Carballo e para que
    ele próprio, na condição de capitão, levantasse
    aquela tão ambicionada taça – um presente, no
    dia em que comemorava o seu 33.º aniversário.
    “Foi, sem dúvida alguma, o troféu mais importante


FC Porto-Sporting de Braga, 1-0
Final da Liga Europa 2010/11
Arena de Dublin, República da Irlanda
18 de maio de 2011
Árbitro: Carlos Velasco Carballo

FC Porto: Helton (cap), Sapunaru, Rolando,
Otamendi, Alvaro Pereira, Fernando,
João Moutinho, Guarín (Belluschi, 73m),
Varela (James, 79m), Hulk e Falcao
SC Braga: Artur, Miguel Garcia, Rodríguez
(Kaká, 46m), Paulão, Sílvio, Custódio,
Hugo Viana (Mossoró, 46m), Vandinho,
Paulo César, Lima (Meyong, 66m) e Alan

Marcador: Falcao (44m)

Cartão amarelo: Hugo Viana (24m),
Sílvio (30m), Sapunaru (49m), Miguel
Garcia (55m), Mossoró (59m), Kaká (80m),
Helton (90m) e Rolando (90+3m)

da carreira, pela data em que aconteceu, pelas
condições que tínhamos na altura”, reconhece o
guardião, que tem a medalha alusiva à conquista
exposta num quadro lá em casa, onde também
tem guardadas a bola do jogo e as chuteiras que
usou naquele dia e que nunca mais calçou.
Aquela final inédita em provas da UEFA disputada
por dois clubes tão próximos geograficamente
foi inesquecível para toda a nação portista, em
particular para Helton e também para André
Villas-Boas que, com 33 anos e 213 dias, se tornava
o mais jovem técnico a conquistar um troféu
europeu de clubes e se preparava para igualar o
feito de José Mourinho em 2003, com a conquista
de quatro troféus. Fez-se (muita) história naquela
quarta-feira cinzenta de Dublin.

vontade naquele momento e, felizmente, consegui
concretizar o meu objetivo maior, que era defender
o remate e poder ajudar a equipa a qualificar-se para
as meias-finais, uma vez que jogávamos com dez e
estávamos numa fase do jogo em que estávamos a
ser muito pressionados”, sublinha o dono da camisola
um, que pode levantar a sua quinta Taça de Portugal
ao serviço do FC Porto.
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