Dragões - 201608

(PepeLegal) #1
REVISTA DRAGÕES agosto 2016

Tema
de capa

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“Vivi momentos


difíceis que soube


ultrapassar”


Como começou a jogar futebol? Foi por in-
fluência de alguém da família?
O meu irmão andava sempre com uma bola
e assim começámos. Íamos para a rua com os
amigos e começávamos a jogar, fazendo as ba-
lizas com pedras. Surgiu assim o meu amor ao
futebol.


Aos 15 anos teve a oportunidade de ir para
o Monterrey, numa cidade que fica a 1.
quilómetros de Hermosillo, no México. Teve
de se separar da família...
To t a l m e n t e. O s m e u s p a i s t i n h a m o s s e u s t ra b a-
lhos e irmãos que tinham de criar e alimentar.
Tive de ir para Monterrey, que fica a cerca de
duas horas de avião. As circunstâncias econó-
micas não eram boas para viajar e voltar: ia a
Hermosillo uma vez por ano, estava sozinho
em Monterrey e a tentar chegar longe no fu-
tebol.


Fo i d i f í c i l?
Sim, ajudou-me muito estar sozinho, mas tam-
bém vivi momentos difíceis que soube ultra-
passar. Também tive bons companheiros, boas
pessoas, que me ajudaram.


Estreou-se na equipa principal do Monterrey
com 17 anos. Como foi receber pela primeira
vez a bola?
Estava todo a tremer [risos]. Pouco a pouco isso
foi passando, conforme me fui entrosando com
a equipa. Os companheiros ajudaram-me mui-
to e fui-me desenvolvendo futebolisticamente.
Quando era mais miúdo era avançado, mas de-
pois, quando cheguei ao Monterrey, puseram-
-me nas alas e por aí fiquei.


A afirmação foi rápida.
Cheguei a Monterrey aos 15, quase 16 anos. Pas-
sado ano e meio já estava na primeira equipa,
jogando um pouco, treinando sempre. A partir
do momento em que me afirmei, a minha am-
bição era chegar à Europa e passado três anos
fui para a Holanda.

Pode explicar-nos a história do apelido Teca-
tito, que nasceu precisamente no Monterrey,
uma equipa patrocinada pela detentora das
cervejas Tecate?
Tudo começou quando subi à primeira equi-
pa. O Monterrey era patrocinado pela marca
concorrente do meu apelido, Corona. Para
não dizerem Corona ou Coronita passaram a
chamar-me Tecatito, de Tecate. Começou as-
sim, como uma brincadeira, mas pegou e ficou.
Sou mais conhecido por Tecatito no México e
Corona na Europa.

Esteve duas épocas no Twente. Como foi a
adaptação a um futebol e a um país tão di-
ferentes?
Pois, imagine-se o que é passar do México, muito
quente, e chegar à Holanda, onde faz tanto frio
que às vezes não se pode treinar. Depois havia
a língua, a comida... Acabei por me adaptar, mas
no primeiro ano foi difícil. Julgo que para con-
seguir qualquer coisa boa temos sempre que
viver momentos difíceis. Com a minha família,
a minha esposa e o bebé, acostumei-me e pou-
co a pouco fui melhorando em termos de jogo.

“Às vezes há críticas, o que é normal,


é o amor de sempre dos adeptos e


as cores que sentem desde miúdos”

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