Dragões - 201608

(PepeLegal) #1
REVISTA DRAGÕES agosto 2016

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A 78.ª edição da Volta a Portugal terminou com
Rui Vinhas a garantir a vitória individual e o W52-
-FC Porto-Porto Canal a coletiva, o que reforça a
liderança portista no histórico da prova. Este foi
o 13.ª triunfo de um ciclista azul e branco na geral
individual (à frente de Sporting e Benfica, com
nove) e também o 13.ª em termos coletivos (logo
atrás vem o Sporting, com 12).
A associação com a W52 permite aos azuis e bran-
cos regressar ao lugar mais alto do pódio 34 anos
depois de Marco Chagas o ter conseguido e 32
anos depois da suspensão da modalidade. O pri-
meiro triunfo data de 1948, por Fernando Morei-
ra, e depois Dias dos Santos foi primeiro em duas
edições consecutivas (1949 e 1950), sendo o único
portista a bisar. Seguiram-se vitórias de Moreira de
Sá (1952), Carlos Carvalho (1959), Sousa Cardoso


Rui Vinhas sucede a Marco Chagas na lista de vencedores da Volta com a camisola do FC Porto. Fernando
Moreira foi o primeiro, mas só Dias dos Santos bisou. Os Dragões lideram o ranking, com 13 vitórias
individuais (tantas como as coletivas), seguidos por Benfica e Sporting, ambos com nove.

Ninguém na roda


(1960), Mário Silva (1961), José Pacheco (1962), Joa-
quim Leão (1964), Joaquim Sousa Santos (1979),
Manuel Zeferino (1981) e a já referida de Marco
Chagas (1982). Ou seja, o domínio azul e branco foi
exercido por blocos: além do tri, entre 1948 e 1950,
houve um tetra, entre 1959 e 1962. E entre 1979 e
1982 garantiram-se quatro camisolas amarelas.
Em termos coletivos, o primeiro lugar da geral foi
atingido em 1948, 1949, 1950, 1952, 1955, 1958, 1959,
1964, 1969, 1979, 1980, 1981 e, agora, em 2016. Ou
seja, por quatro vezes os títulos individual e cole-
tivo não coincidiram, se bem que seja impossível
um corredor ser líder sem o apoio dos colegas. Em
1960, 1961, 1962 e 1982, Sousa Cardoso, Mário Silva,
José Pacheco e Marco Chagas, respetivamente,
venceram sem que a equipa o fizesse coletiva-
mente. E em 1955, 1958, 1969 e 1980, a vitória co-

letiva não correspondeu à camisola amarela no
fim da Volta.
Estas conquistas têm uma acentuada pronúncia
do Norte. Entre os vencedores, apenas Marco
Chagas nasceu a sul de Santa Maria da Feira e
a tradição mantém-se. Rui Vinhas, de 29 anos, é
natural de Sobrado, Valongo, e um digno sucessor
de protagonistas de conquistas épicas como Dias
dos Santos (o tal que um dia disse “Limpámos o
sarampo à gajada de Lisboa”), Mário Silva (ape-
sar da intoxicação alimentar que prejudicou os
azuis e brancos em 1961) e Manuel Zeferino (cuja
fuga na primeira etapa, em 1981, lhe garantiu logo
um avanço de 12 minutos e 28 segundos). Muitas
histórias saborosas se poderiam recordar do ci-
clismo azul e branco e certamente mais haverá
para escrever no futuro.

TEXTO: JOÃO PEDRO BARROS


ciclismo


Fernando Moreira (à
esquerda) foi o primeiro a
vencer a Volta a Portugal
com a camisola do
FC Porto, mas só Dias
dos Santos (à direita)
ganhou a prova por duas
vezes pelos Dragões.
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