Dragões - 201608

(PepeLegal) #1

OsImortais 47


Yustrich nunca foi consensual nas equipas por onde passou, pelo
temperamento, mas também pelas exigências que fazia aos jogadores. A
melhor época viveu-a nas Antas, em 1955/56, conquistando a dobradinha.

O guarda-redes


que se fez “Homão”


Dorival Knippel “Yustrich”

Data nascimento
28 de setembro de 1917
Naturalidade
Brasil
Épocas no FC Porto
Treinador
1955/56 e 1957/58
Palmarés
Treinador
1 Campeonato Nacional e 1 Taça de Portugal


Reza a lenda que, ainda como guarda-re-
des – no Flamengo, no Vasco da Gama ou
no América -, gostava de uma boa briga e
que nunca foi de levar desaforo para casa.
A tendência acentuou-se quando se tor-
nou treinador: Yustrich era disciplinador,
duro, por vezes intratável. Mas também
revolucionário, cem por cento profissional
e campeão! Pelo físico imponente (1,90
metros) e pela postura dura, era tratado
por “Homão”, aquele que nunca abdicava
das suas ideias.
Dorival .nippel de batismo, Yustrich foi
alcunha que ganhou pelas parecenças fí-
sicas com o guarda-redes argentino Elias
Yustrich. Contudo, nmo foi como jogador
que se notabilizou, mas sim como téc-
nico. Quando chegou a Portugal, para
assumir o comando do plantel portista,
em 1955/56, já tinha dado nas vistas no
Atlético Mineiro. Seria, no entanto, no FC
Porto que protagonizaria o maior êxito da
sua carreira: a conquista do Campeonato
Nacional e da Taça de Portugal, naquela
que seria a primeira dobradinha da His-
tória dos portistas.
3ode dizer-se que, depois de Yustrich,
nada seria igual. Foi norma em pratica-
mente todos os clubes por onde passou,
e também no FC Porto. Estão registadas
no jornal “O Porto” várias das decisões
que impôs logo às primeiras impressões.
Para começar, a obrigatoriedade do uso
do emblema nas camisolas. Poderá, hoje,
parecer estranho que assim não fosse...
“Chegado ao Porto, o nosso treinador no-
tou a falta do distintivo, ‘alma’ do ‘clu-
be’, nas camisolas. Eram azuis-brancas
² apenas. ,sso era pouco. Yustrich nmo

perdeu tempo, como é seu costume, e o
lindo e orgulhoso emblema do FC Porto
voltou às suas camisolas gloriosas”, com-
prova-se na edição nº 319, de dezembro
de 1955.
1mo se ficou o treinador por esta decismo,
sobretudo simbólica. Impôs metodologias
e comportamentos novos, designadamen-
te: remodelação dos balneários, com a
criação de condições para os então revo-
lucionários banhos turcos; realização de
testes de avaliação aos jogadores; revisão
dos contratos dos futebolistas, de forma
a impor cem por cento de profissionalis-
mo; novas metodologias de treino, mais
exigentes do que até então era habitual.
Os atrasos na chegada aos treinos ou às
concentrações passaram a ser penaliza-
dos e barbas e cabelos compridos foram
proibidos.
A época de estreia de Yustrich no FC
Porto foi de total sucesso: além de ter
conseguido a dobradinha, a conquista
do Campeonato valeu a estreia dos Dra-
gões, na temporada seguinte (1956/57),
na Taça dos Campeões Europeus. Mas
já não com o técnico brasileiro, que não
renovou contrato. Voltaria ao clube em
1957/58, sem repetir o sucesso. Saiu no
final do Campeonato (o FC 3orto ficou
em 2º lugar, com os mesmo 43 pontos do
campemo, o Sporting) e a 7aça de 3ortugal
conquistada nesta temporada não consta
do seu palmarés, porque foi substituí-
do pelo compatriota 2tto Bumbel antes
do intcio da prova. 1a final, no Jamor, o
FC 3orto bateu o Benfica (1-0). 0arcou
Hernâni, um dos jogadores com quem
Yustrich se incompatibilizara.
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