REVISTA DRAGÕES novembro 2016
todos. Além disto, o conhecimen-
to da realidade nacional é inevita-
velmente diferente do da realidade
europeia. “De uma maneira ou de
outra, conseguimos quase sem-
pre arranjar vídeos dos jogos dos
nossos adversários. A partir daí,
vemos quais os pontos fortes que
nos podem causar mais danos e
também de que forma é que pode-
mos explorar os pontos fracos, mas
o scouting dos jogos europeus dá
muito mais trabalho do que o dos
jogos nacionais. Em termos inter-
nos, conhecemos todos os treina-
dores e conhecemos grande parte
dos jogadores, pelo que temos uma
ideia formada sobre as coisas. In-
dependentemente disso, procura-
mos sempre reunir um manancial
de informação muito grande que
depois temos de tratar.”
AS TRÊS FASES DO SCOUTING
“Por vezes, demoramos uma sema-
na a preparar os relatórios escritos
e em vídeo para um jogo europeu”,
diz-nos também Rui Gomes que, a
par de João Pedro Gonçalves, é res-
ponsável por fazer chegar às mãos
de Moncho López e aos olhos dos
atletas todos os dados importan-
tes a saber e a reter. “Ao vermos um
jogo inteiro, começamos por cortar
as jogadas de ataque e defesa, divi-
dindo-as por duas pastas. Normal-
mente fazemos um vídeo de 10, 12
ou 15 minutos para o Moncho, mas
o vídeo que iremos mostrar aos
jogadores tem cinco ou seis. Esses
são os resultados de uma obser-
vação de pelo menos cinco jogos
do adversário. Os jogadores veem
sempre um vídeo coletivo e outro
individual do adversário”. Ora, para
Rui Gomes, todo este processo as-
senta em três pilares fundamen-
tais: os adjuntos, o treinador e os
jogadores. “O scouting acaba por
ter três fases: a observação do ad-
versário, a estratégia delineada e a
execução dos jogadores. Qualquer
uma destas três fases pode falhar, e
aí falha todo o processo. Se as três
fases se complementarem harmo-
niosamente, dificilmente o traba-
lho não será bem feito. Também
fazemos análises estatísticas dos
adversários, pois isso ajuda-nos a
tomar algumas decisões.”
O SUCESSO E OS DESAFIOS
A época passada marcou o regres-
so do basquetebol do FC Porto ao
escalão máximo da modalidade, à
Europa e à conquista do título na-
cional. Numa breve retrospetiva a
esse regresso que rimou com su-
cesso, Rui Gomes destacou o “tra-
balho diário” e a construção de “um
plantel forte e de qualidade”, além
de tantas outras “pequenas coisas
que ajudaram a fazer a diferença”.
Para a temporada em curso, aque-
le que é um dos braços direitos de
Moncho López dá voz ao senti-
mento de todo o grupo. “É mais di-
fícil repetir do que conseguir uma
primeira vez. Não podemos ador-
mecer à sombra do que fizemos. É
óbvio que somos os campeões em
título, mas isso já passou e agora é
uma nova época, com novos títulos
para ganhar. Se hoje não fizermos
melhor do que fizemos ontem,
vamos ser ultrapassados. Não po-
demos ficar satisfeitos com o que
já ganhámos e temos de querer
sempre mais, todos os dias.”
Rui Gomes Moncho López José Pedro Gonçalves