Dragões - 201701

(PepeLegal) #1

REVISTA DRAGÕES janeiro 2017


MUSEU #54


Está em cena no Auditório Fernando Sardoeira Pinto a peça de teatro
de marionetas “O Porto é uma lição – História do clube, da cidade e,
afinal, o planeta é azul!”, um projeto do Museu FC Porto, criado em
parceria com o encenador e autor do texto Ricardo Alves (Teatro da
Palmilha Dentada/Teatro do Ovo Alado), dirigido a públicos de todas as
idades. “Existem piadas a que as crianças reagem, outras em que reagem
melhor os adultos. No fundo, o espetáculo está feito para a criança que
há dentro de cada um”, resume Ricardo Alves, ao explicar os princípios
que nortearam a criação da peça.
A história agarra o público logo nos primeiros segundos, ao iniciar a
narração lá bem nas origens... no “tempo dos dinossauros”. Segue-se
uma viagem lúdico-pedagógica, que passa por diversas teses sobre a
origem do futebol e chega aos nossos dias, tendo como mote, para além
do futebol, a cidade do Porto e, sobretudo, o FC Porto.
Desenhado a partir de uma sala de aula, pelo palco passam vários bonecos
de marionetas. A lição é dirigida a dois alunos – e a todos os “outros”
que se encontram na plateia – e não se resume à oratória do professor.
Pela sala passam personagens que, enquadrando vários períodos da
História, cruzam
episódios da cidade
com os do clube e
até do país, dando
corpo ao conceito de
que o FC Porto tem
dimensão universal
e que o seu
crescimento funde-
se/acompanha o
engrandecimento
da própria cidade.
“Desde o início que


tivemos como objetivo que a peça não fosse apenas para crianças.
Transformar o palco numa sala de aula, fazer uma revisão da cultura
geral, promover a partilha de conhecimento e exaltar a história de
resistência e resiliência da cidade são os golos que esta criação pretende
marcar”, explicou Jorge Maurício Pinto, responsável pela departamento
de Programação e Produção.
Por opção assumida pela organização, apenas um personagem está
identificado com uma figura histórica do clube: o fundador António
Nicolau D’Almeida. Os restantes são “anónimos” adeptos, ainda se deva
referir as evidentes semelhanças entre o Mestre José Maria Pedroto e o
“Zé do Boné”. Seja como for, o próprio “boneco” faz questão de desfazer o
equívoco, ainda antes de deixar a sua marca na peça com o bordão que fica
para história: “Até me apetece chorar... de alegria”. Também os momentos
musicais contribuem para aligeirar o peso de uma história que atravessa
vários séculos. Por exemplo, passa pela China, pela Grécia antiga, fala
de D. Afonso Henriques (a primeira vez que o Porto foi conquistado aos
mouros...), das tropas liberais de D. Pedro IV e, claro, de 1893, quando o
FC Porto realizou o primeiro jogo da sua História...
Logo na antestreia, em Dezembro, percebeu-se que a aposta estava ganha,
sensação confirmada nas sessões seguintes. A manipulação dos bonecos,
como normalmente acontece nos espetáculos de marionetas, é por si só
capaz de agarrar a plateia, mas a simplicidade do texto e da narrativa, feita
a partir de pequenos episódios, também contribuem para manter desperta
a atenção do público. O texto foi escrito a partir do trabalho de pesquisa e
recolha previamente efetuado pelo Museu FC Porto, que disponibilizou o
material que possibilitou a Ricardo Alves a criação da peça. O encenador
assume estar perante uma “lição sobre o prazer de conhecer a História” e
sobre essa peculiar forma de “ser da cidade do Porto e ser do clube”. Jorge
Maurício Pinto expande o conceito e, considerando que “portista é um
cidadão do Mundo”, interpreta a peça como sendo uma explicação “do
que é isto de ser portista, ser do Porto e ser do Mundo”.

“O Porto é uma lição” é um espetáculo de teatro de
marionetas que ensina a História do FC Porto e da
cidade Invicta de uma forma lúdico-pedagógica.
Pode ser vista no Auditório Fernando Sardoeira
Pinto até Junho (pelo menos).


O CLUBE


E A CIDADE


COMO


NUNCA


OS VIU


TEXTO e FOTOS: MUSEU FC PORTO


O título do FC Porto no Campeonato de
Portugal de 1924/25 também foi perpetuado
com ofertas de agradecimento aos jogadores.
Em janeiro, o Objeto do Mês expôs no hall do
Museu FC Porto uma cigarreira pertencente
ao guarda-redes Mihaly Siska e um conjunto
de barbear do avançado João Nunes, ambos
customizados e reveladores de usos e hábitos sociais daquela época.
Quando Mihaly Siska e João Nunes eram jogadores do FC Porto,
o Campeonato de Portugal (antecessor da Taça de Portugal) era
a única prova de futebol de dimensão nacional. O guarda-redes
alinhou pelo clube em 40 jogos desta competição, de 1924 a 1933.
O extremo-esquerdo jogou 9 partidas e marcou 1 golo, entre 1921
e 1925. João Nunes também fez parte da equipa do FC Porto que
venceu o primeiro título nacional da história do futebol português,
o Campeonato de Portugal de 1921/22. O húngaro Siska foi também
o treinador do FC Porto no “bi” de 1938/39 e 1939/40 no Campeonato
Nacional da 1.ª Divisão.

Mafalda Veiga encheu a noite de 19 de janeiro
no Auditório Fernando Sardoeira Pinto com
histórias e canções, levando ao Museu
FC Porto uma perspetiva intimista e muito
curiosa de 30 anos de carreira e grandes
sucessos, onde cabe “Praia”, o mais recente
álbum da cantautora portuguesa, disponível
desde novembro passado. A lotação esgotada no primeiro Dar
Letra à Música de 2017 manteve o forte interesse do público nesta
organização do Museu, em parceria com a Associação Sótão Paralelo,
que já tem um cartaz de luxo anunciado para as próximas três sessões.
Em fevereiro, no dia 16, Os Azeitonas iniciam uma nova fase da banda,
sem Miguel Araújo; um mês depois, a 16 de março, Simone de Oliveira
vai desfolhar uma carreira muito para lá de consagrada na música, no
teatro, no cinema e na televisão; em abril, no dia 20, Miguel Araújo,
agora completamente dedicado à carreira a solo, será o protagonista
do 16.º Dar Letra à Música. A venda de bilhetes para todas estas
sessões já decorre no Museu FC Porto e também na Ticketline.
Obviamente, espera-se mais três noites de lotação esgotada.

Vocacionado para a itinerância
“O Porto é uma lição” nasceu com vocação
itinerante. As sessões dos primeiros dois
meses foram exclusivo do auditório do
Museu, mas o espetáculo foi pensado para
receber, por exemplo, estabelecimentos
de ensino (ou outras instituições), mas
também para apresentar-se em vários
espaços. O palco, as marionetas e quem
as manipula estão preparados para atuar
fora de portas, estando criadas todas as
condições técnicas que permitem que a
peça seja representada praticamente em
todos os lugares.
Existem já contactos para o início da
caminhada “outdoor” das marionetas,
sendo esta a fase de escolha de datas,
o que permite ainda a eventuais
interessados – estabelecimentos de
ensino, instituições ATL, empresas... –
apresentar propostas, sendo que está
previsto que a itinerância se prolongue,
pelo menos, até ao final do ano de 2017.

Sessões agendadas


até Junho
Até junho, as marionetas voltam todos
os meses ao Auditório Fernando
Sardoeira Pinto, pelo menos para
duas sessões. A exceção é o mês
de abril, que tem agendados três
espetáculos: dias 8, 15 e 25.
Os bilhetes podem ser comprados na
receção do Museu FC Porto e, também,
online, na plataforma ticketline.
As datas disponíveis, até junho,
são as seguintes: fevereiro, 11 e
25; março, 11 e 25; abril, 8, 15 e 25;
maio, 13 e 27; junho, 10 e 24.

FICHA TÉCNICA


IDEIA ORIGINAL/PROJETO
MUSEU FUTEBOL CLUBE DO PORTO

CRIAÇÃO
TEATRO DO OVO ALADO/ARMAZÉM 22

CONTEÚDOS HISTÓRICOS FC PORTO
MUSEU FUTEBOL CLUBE DO PORTO

TEXTO E ENCENAÇÃO
RICARDO ALVES

VOZES
IVO BASTOS, RICARDO ALVES, RUI
OLIVEIRA E TERESA ALPENDURADA

MANIPULAÇÃO
RAUL CONSTANTE PEREIRA, RUI
OLIVEIRA E TERESA ALPENDURADA

MÚSICAS ORIGINAIS
TILIKE COELHO, JOAQUIM
CARVALHO E DOMINGOS ALVES

CONTRABAIXO
JOÃO FRANCISCO DOS SANTOS

BONECOS
SOFIA SILVA COM RAUL
CONSTANTE PEREIRA

FIGURINOS
INÊS MARIANA MOITAS

CONSTRUÇÃO DO CENÁRIO
EMANUEL SANTOS
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