REVISTA DRAGÕES abril 2017
FREESTYLE #58
estilo
Ana Catarina Pinto da Silva,
22 anos, nascida e crescida na
cidade do Porto. A descrição
pode não nos levar a lado
nenhum, mas o que lhe vamos
contar a seguir levar-nos-á até
ao mundo da jovem freestyler
que surpreendeu e até
embaraçou o plantel do FC Porto
no Dia Internacional da Mulher.
TEXTO: INÊS GERALDES
Ela tem
A convite do clube, Ana Silva participou no treino
da manhã de 8 de março e nem Brahimi ou André
Silva conseguiram evitar um ligeiro “banho de
bola”. Portista desde pequena e estudante de
Desporto na Maia, tem no seu currículo uma
passagem pela equipa de futsal da Juventude
de Gondomar e pela formação de futebol do
Gondim-Maia e do Leixões. Há cerca de dois anos
uma lesão fez com que deixasse de jogar, mas o
bichinho do freestyle continuou invicto.
Até aqui torna-se fácil perceber que conhece
a bola como ninguém, mas chegou a nossa
vez de saber quem é a Ana quando não é
freestyler. A sua rotina diária não está longe da
de uma adolescente comum: faculdade, amigos
e hobbies. O ISMAI, onde está a tirar a licenciatura
em Educação Física e Desporto, é a sua segunda
casa e onde se apercebeu, apesar das passagens
por equipas de futebol feminino, que o desporto
não é - mesmo - só para rapazes, conhecendo na
faculdade a maioria das colegas e amigas com
quem partilha o gosto pelo desporto.
Desde pequena que a paixão pela bola lhe
corre nas veias, não tivesse ela descendência
futebolística. O pai, Pedro Silva, foi jogador de
futebol, tendo passado inclusive pela formação
FOTO: IVAN DEL VAL
REVISTA DRAGÕES abril 2017
FREESTYLE #59
do FC Porto e foi dele que herdou o amor pela
modalidade. O gosto pelo freestyle nasceu um
pouco depois, espelhando a garra da miúda que
não aceita que lhe digam que não consegue.
Depois de ver a sua entrada na equipa de futebol
escolar ser recusada porque “não sabia dar cinco
toques na bola”, Ana traçou um novo objetivo.
Não se ficando pelos toques, pelos cinco toques,
resolveu aprender freestyle e absorver toda a
magia que o futebol oferece.
O desporto é a atividade em que se sente mais feliz
e não foi difícil convencer os amigos e a família que
sempre se habituaram a vê-la com uma bola nos
pés. Ou na cabeça, ou nos ombros, ou... No entanto,
tem plena consciência de que o desporto em
Portugal não é um mar de rosas, muito menos no
que diz respeito ao sexo feminino. O sonho passa
agora pelo treino de alto rendimento e não se
imagina, de todo, noutra área que não o desporto.
É praticamente unânime que em Portugal não
se dá a devida atenção ao desporto no feminino
e apenas algumas equipas portuguesas incluem
a varianta na sua formação. Se o FC Porto algum
dia o fizer, Ana vai avisando que teria todo o gosto
em vestir a camisola azul e branca e representar o
clube do seu coração.
“Estava no
Leixões
quando parti
o pé em três
sítios e troquei
o futebol pelo
freestyle.”
“Cresci no mundo
do futebol, o meu
pai não teve que
se esforçar para eu
gostar de desporto.”
“Disseram-me que
não servia porque
não sabia dar cinco
toques numa bola.”