Dragões - 201702-03

(PepeLegal) #1

REVISTA DRAGÕES fevereiro/março 2017


ANDEBOL #46


Palmo a palmo, Leandro Semedo está a conquistar


o seu espaço na equipa principal de andebol azul


e branca, após um ano de empréstimo na Maia.


Conheça aqui o percurso de um jovem “viciado”


em andebol, que um dia José Magalhães viu a jogar


na Praia e trouxe para o Dragão. O resto da história


deste lateral de 22 anos foi construída a pulso.


TEXTO: JOÃO PEDRO BARROS
FOTOS: ADOPTARFAMA


O menino de


Cabo Verde


REVISTA DRAGÕES fevereiro/março 2017

ANDEBOL #47


Corria o mês de julho de 2013
quando Leandro Semedo, então
com 18 anos, entrou em campo
para mais um jogo do Campeonato
regional da sua ilha, Santiago,
entre a primeira equipa que
representou, o Desportivo da
Praia, e a que então defendia, o
ABC. Leandro não sabia, mas nas
bancadas estava José Magalhães,
que se tinha deslocado a Cabo
Verde para lecionar num curso
de treinadores. O diretor geral do
andebol azul e branco só precisou
de uma parte do encontro para
ver nele grande potencial. “No
intervalo veio falar comigo e
no dia seguinte marcou uma
reunião comigo e com o Nelson
de Jesus [atual presidente da
Federação cabo-verdiana]. Fiquei
entusiasmado e surpreso, porque
as pessoas apontavam para outros
jogadores, que estavam mais em
destaque no campeonato”, recorda
o andebolista.
Só faltava o consentimento da
mãe, que ficou “insegura por deixar

o filho de 18 anos sair do país”, para
se iniciar a ligação ao clube. “A vida
em Cabo Verde não nos permite
deixar escapar uma coisa dessas.
Tinha a oportunidade de mudar a
minha vida e a da minha família”,
conta o lateral esquerdo, que, a
5 de setembro de 2013, cerca de
dois meses depois do primeiro
encontro com José Magalhães,
aterrava no Porto. Os primeiros
tempos foram complicados, quer
a nível de treino quer pessoal, mas
hoje já se pode dizer que tudo
valeu a pena: o cabo-verdiano tem
somado cada vez mais minutos,
tanto na defesa como no ataque,
e está livre da timidez que ainda
revela fora do campo.

O AMIGO GIL E OS
TREINADORES
MARCANTES
Quando Leandro começou a
treinar em Portugal, nos juniores
e na equipa B do FC Porto, alinhava
a pivô, devido à “altura e corpo”
que tinha. Mas então deu-se uma

mudança de posto específico
que se viria a revelar chave, nos
“bês”: “Foi o Carlos Martingo [atual
treinador do Avanca] que me pôs
a lateral pela primeira vez. Ajudou-
me incansavelmente, debaixo
de muitos berros, mas devo-lhe
muito”, reconhece. Outras duas
pessoas a quem agradece nesta
fase de adaptação são o então
treinador Obradovic e Gilberto
Duarte, português mas filho de pais
cabo-verdianos, que entretanto
se transferiu para o Wisla Plock.
“Dentro e fora do campo, foi se
calhar quem me ajudou mais. Tive
muitas dificuldades, mas graças a
Deus tive persistência e vontade.”
A nível de treino, Leandro Semedo
tinha finalmente tudo para evoluir,
porque em Cabo Verde “às vezes
nem bola em condições havia”. A
estreia na equipa principal deu-
se em outubro de 2014, no Dragão
Caixa, frente à ADA Maia, equipa à
qual foi emprestado na temporada
passada. A experiência que então
adquiriu revelou-se fundamental
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