Ana Maria - Edição 1185 (2019-07-04)

(Antfer) #1
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N


ão é vergonha nem timidez.
A fobia social é um transtorno de
ansiedade que atinge cerca de 7%
da população. Seu portador sente muito
medo e sofre escondido em casa. Basta
uma pessoa se aproximar para o temor
tomar conta. A saída é se ‘esconder’ em
algum cômodo para se sentir seguro e não
precisar se relacionar. A apreensão quanto
a ser aceito é tão grande que a pessoa evita
qualquer contato. Ela não consegue olhar
nos olhos de ninguém. Se uma conversa é
iniciada, a sensação é de que não terá o que
falar. Resumidamente: o convívio aterroriza,
dá desespero. O receio da rejeição vem
associado a outros sintomas de ansiedade,
como coração disparado, transpiração
fria, tremor e boca seca. Mesmo o sorriso
‘caprichado’ não é pleno. A adrenalina
que corre pelo corpo deixa a musculatura
rígida, impedindo até mesmo o riso largo.
Não à toa a fobia afeta o trabalho, a vida
social, sua saúde física e mental. Apesar de
não se ter conhecimento de suas origens,
sabe-se, no entanto, que há uma incidência
maior em famílias que apresentam algum
portador. O transtorno pode ser biológico
e ‘aprendido’. O fóbico pode interpretar mal
o comportamento dos outros em relação a
ele e assim desenvolver menos habilidades
sociais, aumentando a insegurança em
relação à sua performance. Crianças que
nasceram em ambientes ameaçadores,
sofreram maus-tratos ou são vítimas de
bullying são mais suscetíveis. Por isso, é bom
que elas sejam valorizadas em alguma área
importante, especialmente ser reconhecidas
por seus colegas de escola – ambiente onde
a vivência de aceitação é fundamental. O
tratamento depende do diagnóstico feito
pelo médico, especialmente o psiquiatra.
Medicamentos podem ser empregados e
a terapia ajuda a melhorar a autoestima
e treinar as habilidades cognitivas e
comportamentais do indivíduo. Quanto
mais cedo for feito o diagnóstico, mais
eficaz será o tratamento. Fique de olho.

A mente da gente


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LUIZ SCOCCA
É psiquiatra com mais
de 20 anos de atendimento
em consultório próprio,
além da participação
em grupos de estudo,
congressos e projetos
sociais. Formado pela USP
e membro das associações
brasileira e americana
de psiquiatria: ABP e APA.

A fobia social precisa ser


tratada o quanto antes


“Crianças que nasceram
em ambientes ameaçadores,
sofreram maus-tratos ou
são vítimas de bullying
são mais suscetíveis. Por
isso, é bom que elas sejam
valorizadas e especialmente
reconhecidas por seus
colegas de escola”

A Organização
Mundial de Saúde
(OMS) estima que
o Brasil seja o
país mais ansioso
e estressado da
América Latina.
Uma das vertentes
desse tipo de
quadro é a fobia
social e, segundo
dados do Congresso
Brasileiro de
Psiquiatria, essa
doença já acomete
cerca de 13%
dos brasileiros,
totalizando
26 milhões
de pessoas.

Taxa de
ansiedade

Como aumentar
a confiança

Para as pessoas
com transtorno de
ansiedade social, as
interações sociais
cotidianas causam
ansiedade irracional,
medo, autoconsciência
e constrangimento.
Psicoterapia e
antidepressivos podem
ajudar a aumentar a
confiança e melhorar a
capacidade de interagir
com os outros.

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