Quando me sentei com Bill para conversar sobre a gra-
videz de manhã, antes de sairmos para o trabalho, ele teve
duas reações. Primeiro, ficou empolgado com o bebê.
Depois disse:
- Você pensou em não me contar? Está brincando?
Não havia demorado muito para eu ter minha primeira
ideia equivocada em relação à maternidade.
A viagem à China foi fantástica. Minha gravidez não
atrapalhou em nada, a não ser no momento em que está-
vamos em um museu no oeste do país e o curador abriu
um antigo sarcófago com uma múmia; o cheiro me fez
sair correndo para evitar uma crise de enjoo matinal –
que, conforme descobri, podia vir a qualquer hora do dia!
Uma das minhas amigas que me viu sair correndo pensou:
Melinda está grávida. Na volta, Bill e
eu nos separamos do grupo para pas-
sar algum tempo sozinhos. Numa das
nossas conversas eu o deixei chocado
quando disse:- Olha, não vou continuar traba-
lhando depois de ter o bebê. Não vou
voltar.
Ele ficou pasmo. - Como assim, não vai voltar?
- Nós temos sorte, não precisamos
do meu salário. O que está em jogo
aqui é como queremos criar nossos
filhos. Você não vai diminuir o seu
ritmo de trabalho e eu não vejo como
conciliar as horas necessárias para
eu ter um bom desempenho pro-
fissional e ainda cuidar da família.
Faço um relato sincero dessa con-
versa com Bill para levantar, logo
de início, um ponto importante:
quando enfrentei pela primeira vez
as questões e os desafios de ser mãe
e trabalhar fora, eu ainda precisa-
va amadurecer. Não me arrependo
da decisão. Mas naquele momento
apenas presumi que
era isso que as mu-
lheres faziam.
- Olha, não vou continuar traba-
Estudei na Ursuline Academy,
uma escola católica de ensino médio
só para meninas, em Dallas. No últi-
mo ano, fiz uma visita ao campus da
Universidade Duke e fiquei encantada com o departa-
mento de ciência da computação. Tomei minha decisão:
matriculei-me na Duke e me formei cinco anos depois
em ciência da computação, com um mestrado em ad-
ministração. Recebi uma oferta de emprego na IBM
- onde eu havia trabalhado em várias férias de verão
–, mas a recusei e fui para uma empresa de software
relativamente pequena chamada Microsoft. Passei nove
anos lá, ocupando vários cargos, até me tornar diretora-
geral de produtos de informática. Hoje trabalho com
filantropia; passo a maior parte do
tempo buscando maneiras de me-
lhorar a vida das pessoas. Além
disso, sou esposa de Bill Gates.
Nós nos casamos no Ano-Novo de
- Temos três filhos.
Esse é o pano de fundo. Agora
quero contar uma história mais lon-
ga: sobre meu caminho para o em-
poderamento das mulheres e sobre
como, enquanto eu empoderava ou-
tras, elas me empoderavam.
No outono de 1995, quando Bill e
eu estávamos casados havia quase
dois anos, descobri que estava grávi-
da. Tínhamos uma viagem marcada
para a China, algo importantíssimo
para nós. Bill raramente tirava fé-
rias da Microsoft e viajaríamos com
outros casais. Como eu não queria
atrapalhar os planos, pensei em não
contar sobre a gravidez até voltar-
mos. Durante um dia e meio fiquei
repetindo a mim mesma: “Vou ape-
nas adiar a notícia”. Depois percebi:
“Não. Preciso contar a ele porque
alguma coisa pode dar errado”. E
por fim: “Preciso contar porque o
filho também é dele”.
O Momento de Voar,
de Melinda Gates
Editora: Sextante / Preços: R$ 39,90
/ R$ 29,99 (e-book)
“Sou esposa
de Bill Gates.
Nós nos casamos
em 1994. Temos
três filhos. Esse
é o pano de fundo.
Agora quero
contar sobre meu
caminho para o
empoderamento
das mulheres”
Empoderamento
FEMININO...
... é essencial para que as mulheres possam desenvolver seus talentos,
contribuir com seus dons e tornar a sociedade mais justa Júlia Arbex
FOTO: DIVULGAÇÃO
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