Ana Maria - Edição 1185 (2019-07-04)

(Antfer) #1
Os 43 anos de carreira e os mais de 60 trabalhos para a TV,
cinema e teatro são suficientes para Rosi Campos, de 65 anos, ser

considerada um dos grandes nomes da dramaturgia nacional. Atualmente, ela


está no ar como a Dodô da trama global A Dona do Pedaço. A trajetória
bem-sucedida também se estende para o casamento de 40 anos com o
fotógrafo Ary Brandi. Ao lado do amado, ela revela quem é Rosângela Martins
Campos, seu nome de batismo, no papel de mãe, mulher e avó
Por Acácio Morais | Fotos: Rogério Pallatta

Como tem sido fazer a Dodô em A
Dona do Pedaço?o?
Faço uma novela de Walcyr Carrasco, que
é criativo e talentoso. É um prazer. Ainda
mais com gente que gosto tanto de
trabalhar: Marco Nanini, Tonico Pereira e
Betty Faria. Desde a primeira novela na
Globo, os atores mais experientes sempre
me orientaram em cena. Agradeço a
Christiane Torloni, Regina Duarte, Edson
Celulari, Marco Nanini, Toni Tornado,
Jorge Fernando, Wolf Maya e Miguel
Falabella, que me mostraram como
se posicionar diante de uma câmera.
A Globo é uma das melhores TVs do
mundo, criativa e talentosa em sua
qualidade e preciosismo profissional.

Você é atriz, jornalista, produtora e
diretora. Já teve outra profissão?
Trabalhei com fonegramia nos Correios,
telegramas internacionais, com minha
colega Eliane Giardini. Depois, na
gravadora Som Livre, fiz divulgação
de long-plays. Sou atriz desde quando
estudava jornalismo na USP. Me formei
em 1976. Trabalhei com o Grupo
Ornitorrinco, de Cacá Rosset, e no Grupo
Mambembe, de Carlos Alberto Sofredini.
Depois, criamos a nossa produtora,
Teatro Grafitti, e produzimos umas dez
peças, inclusive o grande sucesso As
Sereias da Zona Sul, com texto de Vicente
Pereira e Miguel Falabella, que também
dirigiu. Com o meu outro grupo, Circo
Grafitti, fiz peças com Helen Helene e o
maestro Pedro Paulo Bogossian. Sempre
comédias musicais: Almanaque Brasil, de
Noemi Marinho; Você Vai Ver o Que Você
Vai Ver, de Raymond Queneau; O Gato
Preto; Alô, Alô, Terezinha...

Cobra-se muito como atriz?
O Ary faz isso por mim e para mim.
Um tormento na minha vida [risos].
E eu me assisto, sim. Qual ator não gosta
de se ver na TV, no cinema,
no vídeo e na fotografia? Nosso ego
é algo que alimenta nossa alma.

A Bruxa Morgana ainda repercute
no imaginário das pessoas. Isso
incomoda ou dá orgulho?
Ela é um raro presente que um ator
recebe na vida. Tenho orgulho de ser
Morgana e saber o que ela representa
no universo das meninas novas que são
bruxas. A verdadeira história das bruxas
precisa ser contada no cinema, como
são contadas na literatura. Na história
da humanidade, elas eram as parteiras e
mulheres que curavam as pessoas.

O que é fama e sucesso para você?
Não sou ligada nisso. Prefiro a
minha parte em dinheiro [risos].
Evidentemente, fama e sucesso ajudam
em nossa profissão. Mas não preciso
fazer disso um único rumo de vida. Me
preocupo mais em realizar um bom
trabalho. Sou uma mulher comum,
que vai ao mercado, faz café, lê jornal,
comenta com o marido tudo que se
passa neste Brasil alucinado. Gosto de
fazer teatro e ver o público lá. Fama
e sucesso são o passaporte para o
ator trabalhar no que gosta. Quando
trabalhamos no que gostamos, temos
a possibilidade de eliminar 70% dos
nossos problemas.

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