Melhor - Gestão de Pessoas - Edição 378 (2019-06)

(Antfer) #1
44 REVISTA MELHOR

SAÚDE

O uso da tecnologia tem ajudado a gestão da saúde
corporativa, mas ainda há como explorar melhor esse recurso


  • que nunca vai excluir o suporte humano


ntes de se levantar da mesa para se servir do que
o hotel oferece no café da manhã, o presidente do
Grupo Empreenda pega o celular e o aproxima do
braço. Na sequência, olha para a tela e um sorriso
surge: pode comer um pouco mais. Diabético, ele hoje usa
a tecnologia para manter a saúde em dia, neste caso, mais
precisamente, sua glicemia. No lugar das tradicionais pi-
cadas nos dedos, agora ele conta com o auxílio de um apli-
cativo em seu celular, o FreeStyle LibreLink, que, quando
passa por um pequeno sensor que é colocado no braço do
paciente, indica a quantas anda a taxa de açúcar no sangue.
“No management, há um ditado que diz que não po-
demos agir sobre aquilo que não podemos medir”, diz
Souza – e voltaremos a ele mais adiante. E esse gerencia-
mento não se refere apenas à taxa de glicemia, tem a ver
também com outras questões, como os custos ligados
à saúde dos funcionários de uma empresa – tema que,
atualmente, tem causado uma baita dor de cabeça para
muitos líderes de RH. Afinal, é o segundo maior custo,
ou investimento, de uma empresa com pessoas...
A tecnologia, seja por meio da Inteligência Artificial, por
exemplo, tem permitido às áreas de RH o acesso a dados
consolidados sobre a saúde dos funcionários. Como expli-
ca Gilberto Ururahy, diretor médico na MedRio Check-up,
ela tem ajudado muito a criar estatísticas que norteiam tra-
tamentos e condutas. “É muito fácil, hoje em dia, por meio
dessa ferramenta, criar um perfil de saúde de uma pessoa
ou de uma população, como no caso das pessoas que com-
põem uma empresa, a partir de uma série de exames”, diz.
É o que ele tem feito a partir dos check-ups que realiza.
Na Bridgestone, a tecnologia tem contribuído significa-
tivamente para o diagnóstico precoce e gestão da saúde dos
funcionários. Lucila Del Grande, diretora executiva de RH

da empresa, conta que a companhia tem buscado poten-
cializar as ferramentas disponíveis e benefícios (como pla-
no médico e odontológico, farmácia, ambulatório médico,
dentre outros) oferecidos aos funcionários e dependentes,
de forma a identificar por exemplo pacientes crônicos e
proporcionar o acompanhamento necessário.
Dentro dessa preocupação em oferecer o acompanha-
mento necessário, a Bridgestone possui um programa
para funcionárias e dependentes gestantes, chamado
Alô Mamãe. Ele é realizado por meio de uma equipe
técnica médica e de enfermagem, que dá todo o suporte
durante a gestação por meio de um aplicativo, no qual é
possível inclusive fazer videochamada, 24 horas por dia,
para o esclarecimento de dúvidas. “Durante todo o pré-
natal, as gestantes são isentas de coparticipação no pla-
no de saúde. Entendemos que, com isso, há um grande
estímulo para realização de pré-natal seguro, evitando
partos prematuros. Após a implantação do programa,
em 12 meses já foi possível observar uma redução supe-
rior a 10% nos partos prematuros”, diz Lucila.
Seja por meio da Inteligência Artificial, seja por meio de
um aplicativo, a tecnologia é uma mão na roda. Mas ela
ainda é pouco utilizada pelas empresas no auxílio à ges-
tão da saúde dos funcionários, conforme avalia Claudia
Araújo, coordenadora do Centro de Estudos em Gestão
de Serviços de Saúde (CESS), do Coppead/UFRJ. Para ela,
o grande desafio, ainda, é encontrar formas de compro-
meter as pessoas com a própria saúde, convencê-las a se
manterem saudáveis, a adquirirem hábitos de vida saudá-
veis. “A cada dia, surgem novidades, novos aplicativos que
podem ajudar nesse processo, por focarem o auxílio a um
estilo de vida saudável ou o monitoramento da saúde de
doenças crônicas, por exemplo. No entanto, as empresas

A


MILAGRES


ELA AJUDA, MAS NÃO FAZ

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