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problema. É essencial que as empresas repensem primei-
ro suas estratégias de saúde, seus instrumentos de gestão
e até seus fornecedores, pois não tem sentido automatizar
processos ultrapassados, sem organizar todo o conjunto”,
observa Luiz Edmundo.
Na pesquisa mencionada, foi possível verificar, ainda,
que a maior parte das organizações conta com estratégias
frágeis, ausência de indicadores e baixa utilização das me-
lhores práticas de gestão, até mesmo aquelas com eficácia
já comprovada no Brasil e exterior. “Em muitas empresas,
no lugar de haver um plano estratégico que oriente as ini-
ciativas e investimentos, persiste ainda o antigo conceito
de se oferecer um plano de saúde como benefício aos co-
laboradores e dependentes, sem maiores cuidados”, diz o
diretor da ABRH-Brasil. O resultado dessa simplificação,
continua ele, é o mau uso do plano, com excessos de con-
sultas, exames e procedimentos que poderiam ser evitados
se houvesse educação e orientação dos usuários, assim
como a melhoria da gestão como um todo.
E como mudar esse cenário? O ponto de partida, na
avaliação de Luiz Edmundo, está em preparar o colabo-
rador para assumir a sua responsabilidade de cuidar da
sua própria saúde. “Se a liderança da empresa estiver com-
prometida em promover a cultura da saúde, será possível
fortalecer o protagonismo do colaborador, fazendo com
que ele desenvolva a consciência da sua responsabilidade
por suas escolhas e estilos de vida”, acrescenta. “Na nossa
pesquisa, fica claro que ainda são tímidos os investimentos
na educação, promoção e prevenção da saúde. Poucas em-
presas utilizam bem seus recursos de treinamento e de co-
municação para educar seus colaboradores. Muitas ações
de prevenção empregadas pelas empresas hoje são oportu-
nistas e desintegradas de uma estratégia”, diz.
Como preparar
Lucila, da Bridgestone, conta que a gestão da sinistra-
lidade do plano de saúde é acompanhada por um comitê
integrado entre recursos humanos, área médica e cor-
retora, que avaliam os resultados e as propostas de ações
estratégicas para o tema. “Entre os anos de 2016 e 2018,
reduzimos o nosso índice de sinistralidade. Isso se deve,
principalmente, à implantação do programa Bem-Estar,
iniciado em 2013, que contempla iniciativas contínuas e
monitoradas, que apoiam nossos funcionários e seus de-
pendentes nos cuidados com sua saúde”, diz. Aliados a isso
estão os investimentos para a educação e a conscientização
dos funcionários e dependentes. Um exemplo disso é um
projeto-piloto de treinamento que vai abordar, dentre os
temas previstos, a importância do cuidado com a saúde
para incentivar a mudança no comportamento e atitudes
dos funcionários, que será implementado no segundo se-
mestre deste ano.
Mas ainda há questões que envolvem a educação dos
funcionários para a saúde que Claudia, do Coppead/
UFRJ, gosta de ressaltar. De nada adianta as empresas
investirem em campanhas, se elas se resumirem a ações
e atividades isoladas que informam sobre a importância
de um determinado tema, trazendo dados e informa-
ções sobre os males do sedentarismo, do tabagismo etc.,
por exemplo. “Essas informações, muitas vezes, não são
novidades para os funcionários. O ponto central aqui
é que, para conseguir mudar hábitos, é preciso que as
pessoas saibam o que têm de fazer, tenham condição de
fazer e queiram fazer. Sem esses três elementos, não é
possível avançar”, afirma. “Algumas pessoas ainda não
se deram conta de que têm responsabilidade enorme
sobre sua saúde; outras podem ter essa consciência,
até estimulada pela empresa em que trabalham, mas
podem não ter condições de aderir a um estilo de vida
mais saudável por morar muito longe do trabalho, tra-
balhar longas jornadas ou em um ambiente estressante,
entre outros fatores. Então, não são ações isoladas que
vão melhorar a situação da saúde dos funcionários”, diz.
É preciso olhar como um todo e de forma integrada. E
Lucila, da
Bridgestone:
contribuição
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SAÚDE