Ana Maria - Edição 1186 (2019-07-11)

(Antfer) #1
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A


discussão sobre o apoio ao parto
natural ganha novas facetas após o
posicionamento oficial do Ministério
da Saúde sobre o termo ‘violência obstétrica’.
O Ministério se posicionou contra o uso
da expressão, dando fim a uma ultrajante
situação vivida pelos obstetras, alegando
que a expressão tem conotação inadequada
e prejudica a busca do cuidado humanizado.
O órgão ainda define a impropriedade da
expressão no atendimento à mulher, pois
acredita-se que o profissional de saúde
não tem a intenção de causar dano. Eis aí
uma discussão dolorosa sobre os rumos
do atendimento à gestante, seja na rede
pública ou privada. Há muito se constata a
elevada taxa de cesarianas em nosso país e os
motivos pela ‘escolha’ desse tipo de parto são
vários: comodidade da paciente em agendar
o parto e dos médicos que podem se adequar
mais facilmente à programação agendada;
melhor remuneração dos profissionais;
ineficiência do serviço público em fornecer
atendimento adequado, entre outros. Mas
uma “rebelião” se formou por mulheres que se
sentiam aviltadas em seu direito de escolha
quanto à forma de darem à luz quando
a cesárea se tornou o caminho “natural”.
Muitos médicos também perceberam que o
caminho precisava mudar, já que esse tipo
de parto estava acarretando mais problemas
que benefícios. A pressão dos grupos leigos
gerou a necessidade de se ter uma pessoa
para avaliar e impedir o profissional de
fazer algo que a paciente não desejasse.
Documentos passaram a ser registrados
em cartório para obrigar o especialista a
seguir a orientação da gestante, gerando
consequências éticas e jurídicas. Surgiu,
então, o Grupo do Parto Adequado, que
busca adequar, avaliar e trazer para uso
clínico as melhores técnicas para o bem-estar
da gestante e do bebê, preservando suas
convicções culturais, pessoais e familiares. É
isso que torna o parto um ato de amor à vida
e restabelece o vínculo de respeito entre o
médico, a gestante e sua família.

Envie suas dúvidas para Alexandre Pupo pelo e-mail [email protected]

O termo ‘violência obstétrica’


tem conotação inadequada


| Ginecologista |


A América Latina
é a região com
maior taxa
de cesáreas
do mundo. Por
países, a República
Dominicana é
líder mundial.
O Brasil fica
com o segundo
lugar, com 55,5%
correspondente
a esse
tipo de
nascimento.

O Ministério da
Saúde afirma
que tem buscado
“qualificar a atenção
ao parto” em suas
estratégias. Segundo
o documento oficial
contra o uso do
termo “violência
obstétrica”, a
expressão não
agrega valor e,
portanto, estratégias
têm sido fortalecidas
para a abolição do
seu uso com foco na
ética e na produção
de cuidados em
saúde qualificada.

ALEXANDRE PUPO
Ginecologista do Hospital
Sírio-Libanês, obstetra,
membro do corpo clínico do
Hospital Albert Einstein.
Ele também é mastologista e
membro titular do núcleo de
mastologia do Hospital Sírio-
Libanês. É diretor clínico da
Clínica Souen, onde atende:
http://www.clinicasouen.com.br

“O Ministério da Saúde
se posicionou contra o
uso do termo ‘violência
obstétrica’, dando fim a
uma ultrajante situação
vivida pelos obstetras,
alegando que a expressão
tem conotação inadequada
e prejudica a busca do
cuidado humanizado”

Cuidado e saúde
qualificada

Índice de cesáreas
no Brasil

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