Natureza - Edição 378 (2019-07)

(Antfer) #1

CULTURA BOTÂNICA


Lineu. Mas é preciso muito cuidado nessa hora, já que
estão agrupadas cerca de 165 espécies nesse gênero,
todas de uma mesma família botânica.
Já as famílias de plantas são bem fáceis de
reconhecer, pelo menos no nome: todas terminam
em -aceae. Nosso pau-brasil, por exemplo, é da
família Fabaceae, a antiga família das leguminosas,
que reúne a soja, o feijão e o belíssimo lupino.
Nela estão agrupados cerca de 750 gêneros e 19
mil espécies. Já a família Lamiaceae é composta de
arbustos, ervas e raramente árvores, porém a maioria
é aromática e usada também no paisagismo, como a
sálvia, a hortelã ou a lavanda. Nesse grupo estão
cerca de 250 gêneros e quase 7.200 espécies. Viu?
Não é difícil!
A ciência, é claro, não para. Em 1850, a química
orgânica descobriu as estruturas que constituíam as
plantas e as descrições de novas plantas avançou a
passos largos. Pela metade do século 19, um trabalho
conjunto de 35 autores já havia catalogado 58 mil
espécies em 161 famílias.
No século 20, o conhecimento em todos os níveis
de organização botânica até a ecologia vegetal global
foi largamente ampliado. Finalmente o homem
entendeu a unidade da estrutura e função biológica
nos níveis celulares e bioquímicos. Já em 1910,
começaram a ser estudadas as vias bioquímicas das
plantas para chegar à tecnologia genética.


E O FUTURO?
Atualmente, com o uso de supercomputadores
e alta tecnologia – inclusive exames de DNA –, existe
uma revisão completa do conhecimento botânico.
Mas dá para afirmar que a maioria das questões
relativas à estrutura e função das plantas está
respondida. Não há mais um limite claro entre a
botânica pura e a aplicada. Porém, agora, é a ecologia,
a manipulação genética e tantos outros problemas
éticos que preocupam quem gosta de plantas.
Na verdade, a grande questão é a tal da
“Etnobotânica” que ficou sem explicação lá atrás:
é a ciência que estuda a botânica, não sozinha,
mas relacionada com as sociedades humanas,
ambas como processos dinâmicos e interligados.
É trabalhando juntos que botânicos, antropólogos,
farmacólogos, médicos, engenheiros – e por que


não poetas? – talvez consigam harmonizar melhor o
sentido da vida de homens e plantas.
Curiosamente há um movimento entre os
botânicos mais avançados de criar bancos de
sementes. Existe um enorme em Kew, na Inglaterra,
e o Silo Global de Sementes de Svalbard, na Noruega,
que conserva em baixíssima temperatura cerca de
90% das sementes do mundo. Se tudo mais falhar no
planeta, é com essas sementes que a humanidade vai
recomeçar. Quais são as mais valiosas? As das plantas
selvagens, aquelas jamais domesticadas, iguaizinhas
àquelas que o primeiro homem ou mulher cuspiu
para cultivar a primeira planta.

Hoje, botânicos buscam sementes para alimentar bancos
como o Silo Global de Sementes de Svalbard, na Noruega,
que abriga 90% da diversidade botânica do planeta

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