REVISTA 9 - ABRIL

(MARINA MARINO) #1

A rua estava lotada, luzes,
sirenes, polícia. Eu fui subindo
assustada,um lugarcalmo, só gente
conhecida mora aqui, o que estaria
acontecendo? Quis aproximar-me
mais, mas fui impedida de avançar
porumafaixaamarela.


Foi quando vi um corpo
embalado empapel alumínio, sendo
retiradodacasa dos paisde Arlene.
Amigas de infância, nós nascemos
aquimesmo, umaemfrenteaoutra.
Trocávamos confidências,
mantínhamos nossos segredos bem
guardados,desdesempre.


Logo me veio à mente sua
situação com o marido, o
relacionamento conturbado que
viviam. Meu coração acelerou. Ela
demorouanosparaperceberqueele
sópensavaemsimesmoequeusava
deestratégiasparamanteratoxidade
darelação.


Como todo relacionamento, o
deles também começou com muita
expectativa. Afinal Arlene acreditava
que havia encontrado alguém bem
alegre, disponível, cheio de energia,
como ela andava procurando. Não
chegava a ser seu “príncipe
encantado”,masestavaquaselá.


A HISTÓRIA DE ARLENE

Desde que se conheceram, as
mensagens românticas, os
telefonemasduranteo dia, asvisitas
inesperadas fizeram parte do dia-a-
diaeaencantavam.
No início, eleestava sempre a
elogiando, suas roupas, os cabelos.
Ela dizia que ele a colocava em um
pedestal. “A mulher da minha vida”,
diziaaos muitos amigosefamiliares
que fazia questão delhe apresentar.
Mal sabia ela que essa valorização
todaera parte deuma estratégia de
manipulação.
Porém,depoisdealgumtempo,
aindanaépocadenamoromesmo,as
coisas começaram a mudar. Arlene
mecontou,certavez,queeleresolveu
não levá-la numa festa porque não
faziaquestãodesuapresençaeficou
totalmente estressado com sua
reclamação.Ondeestavaoamorque
diziasentirporela,afinal?
A reação dele naquele dia foi
horrível, Arlene foi ofendida e
destratada! Ele aacusou de não lhe
dar liberdade, que não havia
confiança,“caiforadaminhavida”,foi
a frase final, antes de desligar o
celular. Mas ela não caiu, resolveu
perdoareacenaserepetiuummonte
devezes.
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