RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

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PEDRO: Hi! Que conversa é essa? A gente está falando da Lei da
Gravidade, de coisas concretas. Lá vem você de novo com essas
conversas sobre ocultismo. A gente vive em um mundo concreto.
Estou falando de coisas concretas, e não de suposições.

JOÃO: Mas você sabe que nada existe realmente. Não existe
nada de concreto. O azul da camisa daquela mulher que acabou
de passar, por exemplo, não existe. As cores não existem. Elas
são fabricadas pelo nosso cérebro. As tonalidades só aparecem
na presença da luz. Sem ela, não há cor, mas apenas um espaço
vazio representado pelo preto.

PEDRO: Mas aquela mulher é de carne e osso e é muito bonita!

JOÃO: Ela é muito bonita mesmo, mas não é disso que eu estou
falando!

PEDRO: Sendo real ou não, não tenho do que me queixar. Pra
mim, a vida está muito boa. Não precisa mudar nada.

JOÃO: Pra mim também. Moro perto da praia, estudo em um
colégio bom, tenho pais legais. São separados, mas me dão todo
o apoio. Não tenho do que me queixar.

PEDRO: Você vai para a festa na casa da Carlinha amanhã?

JOÃO: Hei, lembrei agora de uma coisa. Essa noite eu tive um
sonho tão estranho.

De repente, João para e vê uns bancos de mármore próximos ao local
onde eles estão caminhando em uma área cheia de coqueiros.

PEDRO: Que sonho foi esse?

JOÃO: Você está vendo aqueles bancos?

PEDRO: Que bancos?

Pedro olha para a direção do olhar de João.

PEDRO: São apenas bancos que servem para sentar como
qualquer outro.

JOÃO: Mas aqueles bancos aqui na praia?
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