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CENA 9 ∙ CORREDOR DO TOMATÁRIO ∙ INTERNA ∙ DIA

A Patrulha Hortalícea invade o Tomatário para resgatar os tomates

confinados. Dona Flora vem junto. Tom está sentado num banco ao

fundo do corredor.

DONA FLORA: filho meu, graças a Deus lhe encontrei.

TOM: mãe!! Não vai me dar um abraço?

DONA FLORA: por acaso você merece?

TOM: senta, mãe. Vamos conversar.

DONA FLORA (chorando e soluçando): finalmente lhe encontrei.

Dei queixa na polícia. Rezei dia e noite, fiz promessa pra São

Francisco de Assis, protetor da natureza. Graças a Deus fui

iluminada e tive a ideia de ir no programa Bahia Vegetal. Daí

alguém ligou e denunciou. Por que Tom? Por que você fez isso?

TOM: lamento, mãezinha... não poderia ter continuado lá no

campo sem futuro. Claro, foi muito difícil ficar longe de você, de

Facinha. Por falar em Facinha, como vai ela?

DONA FLORA: está bem. Todo dia fala em você. A bichinha está

sofrendo.

TOM (choroso): pois, mãe, me iludi. Vim para cá acreditando que

ficaria famoso. Que nada, estou confinado, sendo alimentado

com todo tipo de aditivo pra logo ser transformado sabe-se lá

em que, eles não contam. No início, fiquei tão feliz, acreditei

que daqui sairia pra desfilar nas prateleiras de um grande

supermercado.

DONA FLORA: lamento que não houve tempo de lhe contar toda

a verdade. Você fugiu antes, filho.

TOM: que verdade? Conta logo, mãe.

DONA FLORA: eu estava esperando você ficar adulto pra lhe

contar o que acontece com as hortaliças e verduras que vêm pra

cidade serem processadas. Elas se transformam, ficam até mais

bonitas dentro das conservas e embalagens coloridas(chora e

enxuga as lágrimas com a saia do vestido), porém podem afetar

a saúde delas e a dos humanos ao receberem doses extras