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francos e dólares mais baratos. Viajo depois do Natal. (Saindo,

com ares de garanhão estufando o peito, despede-se de Murilo

Ahmed)

Avant, Toreador, en garde! 

CENA 6 ∙ INTERNA ∙ BAZAR ∙ FIM DE TARDE

Uma pequena placa tipo cavalete, preta, emoldurada em arabescos

e escrita com letras de forma, em giz branco, na entrada do bazar

avisa, em frases paralelas e centralizadas: Só hoje! SEXTA-FEIRA

Compre 2 Lanches! Beba Sangria grátis (1 copo americano).

Um rapaz negro, cabelos bem curtos, alto e magro está sentado numa

cadeira do balcão comendo uma kafta.

Chega um rapaz pardo, de cabelos desgrenhados, castanhos

ondulados, na altura dos ombros, partidos de lado, com bigode,

estatura mediana, falando alto.

JORGE: Sai a sangria de sempre, Murilo?

MURILO AHMED: Sim. Hoje é dia. Tá sumido, Jorge? Por onde

anda?

JORGE: Por aí pegando uns bicos. Estou colaborando com uma

gráfica fazendo desenhos e tirinhas de humor. Quero fazer

também animação, mas ainda não deu. Preciso estudar mais.

CLÁUDIO (Olha desconfiado para Jorge, pede também uma

sangria e mais uma kafta, dirige-se ao dono do bazar): Murilo, o

galego tem aparecido aqui?

MURILO AHMED: Faz tempo. Trouxe livros em espanhol, mas

peguei em consignação porque nem vendem. Estão ali embaixo.

Aponta a parte mais baixa da estante ao fundo do bazar.

CLÁUDIO (In off - No fundo da loja, escondido atrás de uma pilha

de livros):

Las venas abiertas de América Latina, Eduardo Galeano. Quanto?

MURILO AHMED: Quanto puder deixar de gorjeta, Cláudio.

Empréstimo. Mas não leia aqui. Depois, devolve.