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Lanches/Sangria grátis/1 caneca):
Novidades aí no canto, Cláudio. Nem tive tempo de arrumar ainda.
Vou colocar na prateleira, aí embaixo mesmo.
CLÁUDIO: O galego veio aqui? Tava sumido. Passou na praça dos
camelôs oferecendo pra gente vender romances. É difícil. Só se
fosse gibi, bang - bang ou policial. Livro de bolso. A ignorância
mata livros. Principalmente os bons. Só comprei uma Playboy pra
mim mesmo.
MURILO AHMED: Esse intensivão tá lhe deixando muito esperto,
camelô!
CLÁUDIO (Rindo): Me dá uma sangria aí, vai! E uma kafta. Não é
Kafka, não, viu!
MURILO AHMED: É uma metamorfose. (Pausa) Esse cursinho tá
fazendo coisa.
JORGE (Entra cantando no bazar. Dirige-se a Murilo):
“Quem sonha, com volta do irmão de Henfil/ com tanta gente que
partiu/num rabo de foguete!”
MURILO AHMED: Tá animado, cara! O que foi?
JORGE: Tá vindo aí uma passeata.
CENA 13 ∙ EXTERNA ∙ PORTA DO BAZAR ∙ À TARDINHA
MURILO AHMED Corre até a porta:
O que é agora?!
(Ouve-se um barulho e grande correria. In Off - Vozes gritam em coro
forte)
Anistia! Anistia!
MURILO AHMED (Fechando a porta, olha para os rapazes ao seu
lado):
Vou fechar. Vão ficar aí?
(Cláudio e Jorge se entreolham e saem do bazar para a rua, em
direção aos manifestantes, acompanhando o coro)