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(Oficina dos Filmes) #1

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um dos pés quebrados, sendo sustentado por um bloco de tijolo. As
panelas bem areadas decoram parte da parede da pia.

Ele está sentado, de costas para a pia, e sua mãe está em frente à
pia, de costas para ele, preparando-se para coar o café. A garrafa
térmica está sobre a pia. Ela pega o pó de café que está dentro do
armário, à sua frente, e coloca 2 colheres do pó do café no coador.

Na boca de trás do fogão um bule esquenta água para o café. A
fumaça sobe pelo bico da mesma e atravessa o basculante que fica
acima da pia e vai em direção à lavanderia. Ela desliga o fogo e pega
a água que acabara de ferver e começa a coar o café. Em seguida,
ela vira-se para sua esquerda e leva a garrafa de café até a mesa.

Antes de se sentar, ela vai em direção ao armário que fica ao lado da
geladeira e sintoniza a sua estação de rádio favorita no radinho de
pilha que foi do seu pai.

LOCUTOR: Bom dia, minha amiga ouvinte! Bom dia, meu amigo
ouvinte! Você que acabou de acordar! Você, meu amigo, minha
amiga, que vai pegar aquela praia! Vamos levantar! E, para você,
meu amado, minha amada que está indo rezar... eu dedico essa
linda canção.

E começa a tocar a música Jesus Cristo – Roberto Carlos.

Mauro está todo vestido de branco. Após meses indo à eucaristia,
aprendendo rezas e músicas, chegou o dia da sua primeira
comunhão. Ele está inconformado e sem entender muito bem o
motivo de tudo aquilo. Mauro coloca um pouco de café na xícara e
lentamente começa a adoçá-lo.

MÃE: Você tome cuidado com essa roupa, viu, rapazinho? Você
não sabe o trabalho que me deu para deixá-la assim tão alvinha.

MAURO: Ah, mãe! Para que tudo isso? Por que eu tenho que
passar por isso?

MÃE: Porque sim. Todos passamos por isso. Sua avó, suas
tias, eu. Isso está na palavra de Deus. Nós não podemos fazer
diferente. E você vai fazer sua primeira comunhão sim.

Eu sou sua mãe... me respeite. E tome logo esse café pra gente
não se atrasar.
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