RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

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PAI ZON: Meu filho! Eu vejo que seus caminhos precisam ser
abertos. O jogo não mente. Eu vejo que você tem caminhos a
serem seguidos. Você só precisa de orientação e de sùúrù*.

MAURO: E se eu não quiser fazer nada do que o senhor disse?

PAI ZON: Todos nós temos liberdade para fazer escolhas. Òrìṣà*
não te obriga a nada, meu filho. No entanto, saiba que, se você
fizer esse ẹbọ, estará dando início ao encontro com a tua
ancestralidade e uma jornada linda no àṣẹ.

MAURO: Eu preciso pensar um pouco. O senhor falou muita coisa
que eu nunca havia ouvido.

PAI ZON: Pense o tempo que precisar. No final desse mês, nós
teremos uma grande festa aqui na nossa casa. Venha! Você é
nosso convidado.

ÈKÉJÌ RAY DE YÁNSÀN: É uma festa linda! Eu chego a me
arrepiar só de pensar.

MAURO: Eu não prometo, mas vou tentar.

ÁGUAS DA SEDUÇÃO ∙ INT. ∙ CASA ∙ QUARTO ∙ DIA

O dia da grande festa chegou. Após uma noite de sono agitada,
Mauro acorda pensativo. Ele está sentado na cama enquanto sua
companheira dorme. A ideia de frequentar um terreiro não lhe sai
da cabeça. Embora o ẹ́rìndílógún tivesse lhe dado inúmeras
respostas, sua formação católica não lhe permitia tomar a decisão
de forma tranquila. Ele se levanta da cama e leva suas mãos sobre a
cabeça e suspira fundo.

ÁGUAS DA SEDUÇÃO ∙ INT. ∙ CASA ∙ BANHEIRO ∙ DIA

Ele entra no banheiro, deixa a porta entreaberta e começa a escovar
os dentes. Ao terminar, cabisbaixo, ele abre a torneira da pia e suas
mãos molhadas deslizam lentamente sobre o seu rosto. Ao levantar a
cabeça, Mauro mira o espelho e olha, fixamente, para os seus olhos.

MAURO: Meu Deus! O que está acontecendo comigo? Por que estou
tão mexido? Por que essa festa está mexendo tanto com a minha
cabeça? E aquele homem? Por que ele tem falado tanto comigo?
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