193
Helena faz o almoço, corta tomate e cebola.
CENA 8 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ FIM DE TARDE
Ana está cozinhando. Corta tomate e cebola.
Severiana está com umas caligrafias velhas de Jão e seu pai está na
mesa bebendo. Ele chama Severiana.
SEVERINO: Venha cá, menina. Traga essa tralha. Que é que tá
fazendo?
SEVERIANA: Tô escrevendo.
Severino coloca a menina no colo. Ana olha.
SEVERINO: Cê sabe escrever nada.
SEVERIANA: Aqui, pai. U de Severino.
O pai aproveita que a filha está atenta tentando escrever e passa a
mão, discretamente, nos mamilos de Severiana. Ana olha e chama a
filha.
ANA: Pegue a farinha e o arroz, Severiana.
O almoço é servido. Severino continua bebendo. Silêncio.
Severiana interrompe o silêncio.
SEVERIANA: Mãe, por que eu não vou pra escola como as menina
da vila?
SEVERINO: Porque não. Cê não é as menina da vila. Escola não
enche barriga de ninguém.
Severiana vai lavar a louça e arrumar tudo. Ana fuma um cigarro na
janela e Severino continua a beber, sempre olhando para o corpo da
filha na pia.
O marido levanta abruptamente, chama a mulher e vai pro quarto.
SEVERINO(Seco): Ana.
Ela joga a baga do cigarro na areia, baixa a cabeça, entra e fecha a
porta do quarto.