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CENA 9 ∙ BEIRA DA PRAIA ∙ EXT ∙ DIA
Mulheres mariscam, Jão acompanha a mãe e aproveita pra brincar
com Severiana escrevendo na areia os nomes Severiana e João.
Duque fica ao lado das crianças. Mulheres conversam enquanto
labutam.
HELENA: Tá tudo caro, mas ninguém quer pagar direito pelos
mariscos.
ANA: Ontem seu Walmoren comprou tudo pela metade do preço
pra levar pra Valença.
DONA DETINHA: Aquele homi é ardiloso. Ele chega no fim da feira
pra comprar barato. A gente tem é que vender direto em Valença
e em Salvador. Tem que chegar em São Joaquim ou vocês todas
querem acabar como eu, trabalhando, trabalhando até a hora da
morte?
MARISQUEIRA 1: Os homi daqui não fazem nada. Tudo frouxo.
DONA DETINHA: Fique aí sofrendo. Se eu fosse jovem, eu
arranjava era um barco pra levar nossa mercadoria pra Valença
e Salvador, mas essa maré vai virar. Escrevam o que essa véia tá
dizendo. Com fé em Mãe Yemanjá!
Depois da mariscagem, as mulheres seguem com seus afazeres. Jão
e Severiana voltam pra casa.
CENA 10 ∙ CASA DE SEVERIANA ∙ INT ∙ DIA
Severiana varre a casa, arruma as coisas e começa a catar o feijão e
cortar os temperos.
O pai chega.
SEVERIANA: Benção, meu pai.
SEVERINO: Deus te guarde pra mim.
Severino senta à mesa, pega sua cachaça e fica olhando com desejo
pra filha na beira da pia. Ele bebe e quase baba, sempre observando
o movimento de Severiana.
Ele vai até a menina e tenta agarrá-la, mas Severiana consegue