RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

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Era aquele sorriso. O sorriso idiota que me capturou e me
amarrou. O mesmo sorriso que, por uma burrada minha, eu não
posso mais ver.

Uma mão repousa sobre o ombro de Ariel. É a mão de ROGER, 38
anos, pai de Ariel. É um homem alto e imponente. Ele é policial militar
e está vestido à paisana com camisa preta, calça jeans e óculos
escuros. Ele costuma falar alto e falar grosso; pensa que sabe tudo
sobre como funciona o mundo e obriga que o filho sempre lhe mostre
respeito. Ao fundo, há uma viatura disfarçada parada e seu colega, o
PM 1, está no banco do motorista.

ROGER: E aí, moleque, tá olhando alguma gatinha?

Ariel olha para cima; para o rosto de seu pai, mas logo abaixa seu
rosto por vergonha.

ARIEL: (nervoso) Não.

ROGER: (engrossa o tom) Não o quê?

ARIEL: Não, senhor meu pai.

ROGER: Melhor assim. Mas olha só: não precisa ficar com
vergonha de mim não. Homem tem que falar de mulher mesmo.
(Ri do próprio comentário)

Alguns dos alunos que estão passando olham para Roger, que não
percebe, mas Ariel percebe e abaixa a cabeça envergonhado.

ARIEL: (envergonhado) Pai.

ROGER: Na tua idade, as meninas me deixavam doido e eu
passava o rodo mesmo.

Um amigo de Ariel, SANDRO, 17 anos, vem chegando.

ROGER: Tô falando sério. Aproveite enquanto ainda é jovem
porque, depois de um tempo, elas só dão dor de cabeça. (Vê
Sandro) Opa, e aí, Sandrinho?

SANDRO: Opa, seu Roger. Tudo bom com o senhor? (Faz um
cumprimento com a cabeça). E contigo, Ariel?

Ariel e Sandro dão um toque de mãos.
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