RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

49


CIDA: Viu, amiga? As primeiras manifestações populares vêm de
mil oitocentos e bolinha. Eles saíam em forma de ternos – como
terno das mulheres, terceira idade, comerciantes – e desfilavam
com sua fanfarra pela cidade.

MAYA: Ternos? Como os ternos de Reis da Lapinha?

CIDA: Sim, flor, daquele jeito! A participação popular na festa
surgiu aos poucos. Todo ano, na segunda quinzena de novembro,
a capela era lavada por ex-escravos, que saíam à meia-noite com
latas e baldes fazendo batuques para acordar o povo e buscar
água no riacho do Caquende, Pitanga e Três Riachos.

MAYA: Uma espécie de cortejo?

CIDA: Isso! Durante o percurso, essas pessoas que faziam a
lavagem da lenha cantavam. Tudo isso na calada da noite.

MAYA: Então é uma festa de tradição histórica, né?

CIDA: Tudo em Cachoeira é História!

O ônibus chega em Santo Amaro da Purificação. Maya admira a
paisagem.

MAYA: Olha que cidade linda! Eu moraria aqui tranquilamente.

O celular toca. Cida revira a bolsa. Acha o aparelho.

CIDA: Deve ser Bel, minha irmã, agoniada pra saber aonde a
gente está! Eta criatura que não sabe esperar...Não é à toa que
nasceu de sete meses!

Cida olha para o display do celular.

CIDA: Não disse que era ela?

O ônibus sai de Santo Amaro da Purificação e segue pela estrada.
Dribla buraco no asfalto, poeira, mato de um lado, mato do outro, uma
casinha aqui e outra acolá pelo caminho.

EXT ∙ RUAS DE CACHOEIRA ∙ DIA ∙ A CAMINHADINHA

Maya e Cida desembarcam em Cachoeira. Descem do ônibus.
Free download pdf