53
POVO canta: Ai cebola tempero de maniçoba, fui pro mato caçar
taioba, encontrei lagartixa e cobra...
CRIANÇAS gritam: Pau dentro, pau fora: quem tiver pau pequeno
vai embora!
FOLIÔES cantam: Ai, cebola, tempero de buceta é rola!
Maya ri e se diverte como há muito tempo não fazia.
EXT ∙ PRAÇA EM FRENTE À PREFEITURA ∙ NOITE ∙
SAMBÃO E GIRA
Maya samba ao som dos atabaques, do samba raiz, da mistura da
chula do Recôncavo com os batuques de samba de caboclo.
NONATO: Olha pra Maya! Ela gosta de samba e sabe sambar.
CIDA: Oxeeee, Maya não perde um dia do samba na praça
municipal e no Pelourinho. Acho que a gira faz ela se sentir outra
mulher. Poderosa, empoderada, dona do pedaço, rainha da cocada
preta, cocada branca e de todas as cores. Essa Maya não é mole
não! Sabe de nada, inocente!
CIDA continua: Maya, quando dança, dança pra si. Dança para
extravasar, para se conectar com as suas raízes africanas, com a
sua ancestralidade.
NONATO: E ela esbanja toda a graça e malemolência no samba de
roda!
Pausa no samba. Maya para também, lavada de suor, pingando, mas
feliz da vida.
TINHO: Cansou, morena?
Maya olha em volta.
TINHO: É com você mesmo que eu estou falando!
MAYA: Ah, tá! Eu estou procurando a morena porque eu sou é negra!
TINHO: Você samba muito!
MAYA: Valeu!