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Ela se afasta dele e se aproxima de Cida e Nonato.
CIDA: Mulher! Os homens ficaram doidos quando você entrou na
roda! Olha pra cara de Tinho, Nonato e a galera!
MAYA: Quem é Tinho?
CIDA: É aquele ali que tava falando com você.
MAYA: Menina! Pare de apontar os outros!
CIDA: É o quê? Eu conheço! É amigo do pessoal.
Ele tá coordenando um projeto de documentários sobre as
tradições do Recôncavo! É gente boa!
MAYA: Veio pra cá me chamar de morena! Esse pessoal parece
que é daltônico... Já gosta de chamar negro de moreno ou de
pardo! Pardo é envelope!
NONATO: Ô, Maya! Hoje em dia é difícil também. Se o cara chama
de negra, dizem que ele é racista; se chama de morena, ofende;
se chama de pardo, ofende também!! Aí fica difícil!
CIDA: Ainda mais que ele não é daqui da Bahia!
INT ∙ BARZINHO FLOR DO PARAGUAÇU ∙ NOITE ∙ O BAR
Maya, Nonato e Cida caminham pelo centro. Pararam no bar Flor do
Paraguaçu.
NONATO: Aqui é o point da galera, Maya!
Um grupo de pessoas aplaude o músico que acaba de encerrar sua
apresentação. Outro grupo começa a cantar “Parabéns”.
Nonato e Cida avistam conhecidos. Aproximam-se. Se acomodam
numa mesa. Maya vai para o balcão e pede, através de gestos, uma
cerveja. Tinho se aproxima.
TINHO: Olha a dançarina do samba de roda!
MAYA: Eu não sou dançarina não, moço! Sou historiadora! E meu
nome é Maya!