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A mulher que mordeu o diabo
Débora MacedoAlto Sertão da Bahia
23:44
26/03/2021CENA 1 ∙ EXTERNA - DIA - PORTA DA CASA DA NARRADORAUm leve nevoeiro paira e, por entre ele, surge a silhueta de uma casa
pequena embaixo das raízes de uma árvore, meio camuflada pelo
líquen e pela mata em volta. Lentamente, a porta se abre, e surge uma
mulher com um vestido composto por uma intricada trama de tecidos
de cores e texturas de amanheceres. A estranha caminha protegida por
uma capa vermelha com forro verde. O capuz dessa vestimenta cobre-
lhe uma parte do rosto enquanto a outra está adornada pelo cabelo
longo. A cabeleira, em vários tons de vermelho, entremeia-se às feições
de uma mulher madura, bonita e misteriosa. Ela caminha em direção a
uma presença não revelada e inicia sua história.NARRADORA: Boa noite! Hoje te convido a ouvir a história da
mulher que mordeu o diabo. É um conto tão antigo quanto o
próprio tempo. Quem me contou diz que ouviu de um vento e
pediu para que nunca revelasse seu nome. Tem medo da ira do
tinhoso. Vou lhe contar somente uma parte hoje, mas com muito
cuidado para não desgostar o demônio. Afinal, ele não aprova que
se fale do seu sofrimento amoroso. O Diabo sofre como o diabo.A história que já estou lhe contando aconteceu há muito tempo em
um lugar encantado chamado O Lugar das Palavras. Lá, onde as
palavras repousam em um estado de dicionário, encontramos uma
jovem bruxa chamada Iná, que precisa recuperar sua voz. Ela ainda