RDFQNF_VERSÃO DIGITAL_FINAL

(Oficina dos Filmes) #1

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meio dos olhos. Os chifres, mais grossos e crescidos, enrolam-se na
extremidade.

Iná, depois de chegar ao tronco, olha para trás, enfia a chave com
muita pressa na fechadura e a gira. A porta abre. Revela uma única
garrafa em suspenso no ventre da Barriguda: aquela que ele traz
consigo quando a vê do alto do balcão.

Iná estica a mão em direção à garrafa ao mesmo tempo em que o
demônio a enlaça por trás puxando-a pela cintura. Sobre ambos,
pairam as asas e a cauda do anjo caído. Ela resiste e consegue, em
um impulso final, agarrar a garrafa, escondendo-a entre os seios
enquanto seu corpo é erguido a poucos metros do chão à altura do
demônio.

A bruxa se retrai, mostra temor diante do rugido da besta. Encolhe-
se. O demônio se contém. Aproxima-a mais de si. Seus corpos se
atritam, a faixa que segura os seios move-se. Unem-se por ambas
as pélvis. A altitude se eleva um pouco mais. A bruxa se agarra com
os dois braços ao tórax do demônio. A faixa se esgarça ainda mais
no atrito com as escamas dele. A moça está exposta da cintura
para cima, preservada apenas por resquícios de tecido sobre os
seios. Alguns arranjos que prendem os cachos se soltam conferindo
desordem e vigor à bela e mística figura feminina que se apresenta.
A cauda do demônio se enrosca em espiral unindo ainda mais os
corpos. As últimas voltas da faixa de Iná se soltam, libertando-lhe os
seios, para enlevo do demônio. A garrafa também cai para desconsolo
da bruxa. O objeto, ao cair, choca-se contra o solo, espatifando-se,
espalhando a noite estrelada pela linha do horizonte.

O último raio incide sobre a bruxa no exato momento em que ela
monta no Diabo. Ela o prende entre suas coxas livres. Ela consegue o
domínio sobre a besta, cavalgando-o lentamente.

A noite estrelada se alastra, por todos os cantos, contra as luzes
dos astros, que brilham. No céu, as silhuetas dos combatentes se
empenham em uma peleja ritmada, ao som de grunidos, gemidos e
suspiros.

CENA 13 ∙ EXTERNA ∙ AMANHECER ∙ AOS PÉS DO TRONCO DA BARRIGUDA

Amanhece. O demônio está nu. Dorme aconchegado em uma
profusão de pétalas das flores da Barriguda. Desperta de modo
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