Dragões - 202105

(PepeLegal) #1
REVISTA DRAGÕES ABRIL 2021

“TEMOS UM GRUPO


QUE NÃO SE RENDE”


A


história de Sérgio
Oliveira já tem
muitos capítulos,
mas nenhum tão
épico como o de
Turim. Um remate seco por baixo
da barreira levou o universo
azul e branco ao delírio, tal como
todos os portistas em campo,
que correram atrás do 27. Desde
a fase de grupos que tem sido
um dos jogadores do FC Porto
em maior destaque na Liga dos
Campeões, estatuto confirmado
nos oitavos de final. Tudo
contado pelo homem que aos
115 minutos colocou os Dragões
entre os oito melhores da Europa.

Em termos gerais, como
analisa o desempenho da
equipa na fase de grupos
da Liga dos Campeões?
Foi fantástica. Sofremos poucos
golos, o que não é nada fácil.
Creio que podíamos ter feito
um resultado melhor em
Manchester, mas fizemos um
excelente trabalho. Temos que
ser Porto, dar o nosso máximo, e
sermos uma equipa sólida. Se
o fizermos, podemos enfrentar
cara a cara qualquer adversário.

A equipa destacou-se em termos
defensivos, ultrapassando
esta fase como a terceira
melhor defesa da prova. Muito
trabalho desenvolvido no
Olival para isso acontecer?
A preparação de cada jogo é

essencial, mas a parte mental
também. Temos sempre de
encontrar a motivação necessária.
No campeonato, as coisas não têm
corrido bem nesse aspeto, temos
sofrido golos que não estamos
habituados a sofrer. Estamos
conscientes disso e temos de
olhar para o campeonato como
se fosse a Liga dos Campeões.

Encontrou a Juventus nos
oitavos de final, uma equipa
que todos consideravam
favorita. Como foi batalhar
contra todas as previsões?
Quando uma equipa trabalha
de forma séria e dedicada e tem
a nossa atitude competitiva,
não pode encarar um desafio
com o pensamento nas
previsões. Independentemente
do adversário e respeitando
todos ao máximo, há que fazer
prevalecer a confiança no
nosso grupo de trabalho e partir
sempre com o pensamento
na vitória. Foi o que fizemos.

O triunfo por 2-1 no Dragão foi
conseguido com dois golos a abrir
a primeira e a segunda parte. Foi
importante entrar dessa forma
depois de sair do balneário?
Creio que sim. Foram dois
golos que trouxeram confiança,
dois tónicos importantes
em diferentes momentos do
jogo. Começar um jogo destes
praticamente a ganhar transmite
uma confiança muito forte.

Costuma dizer-se que para os
treinadores é fácil preparar
em termos motivacionais os
jogadores para os grandes jogos,
mas como é para os jogadores
gerir as emoções antes de um
embate como o de Turim?
São jogos em que os níveis de
motivação estão ao rubro. Para
a equipa, o mais importante
foi manter o foco nas tarefas
individuais e coletivas. Viver
o momento, mas não deixar
que as emoções perturbem o
discernimento e a lucidez, que
se tornam decisivos em partidas
com este grau de exigência.

Houve algum sentimento
diferente quando bateu a
grande penalidade na primeira
parte? Alguma pressão extra?
O mesmo sentimento e grau
de responsabilidade máximo
que sinto ao bater uma grande
penalidade pelo FC Porto. Sabia
que ainda havia muito jogo pela
frente, independentemente
do desfecho desse lance.

Ficaram com dez jogadores
pouco depois do início da
segunda parte e a Juventus
igualou a eliminatória. Como
é que a equipa conseguiu
aguentar-se, física e
psicologicamente, e manter
os níveis máximos de
intensidade, apesar da expulsão
do Mehdi e do cansaço?
Tivemos de sofrer. O nosso grande

REVISTA DRAGÕES ABRIL 2021

“Temos um
grupo que
não se rende
perante as
adversidades
e que
transformou
as fraquezas
em forças.”
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