122 “DE LONGE TODA SERRA É AZUL!” ...
impediam que fossem encontrados pelos brancos, e a riqueza de
recursos naturais abundantes foram importantes atrativos para que os
indígenas ali se instalassem e, também, para os escravos que fugiram
do trabalho forçado das fazendas e formassem ali suas comunidades
de resistência, conhecidas como quilombos. Esse imaginário a
respeito do isolamento nessa região pode ser encontrado na tese de
Brito (2016), que analisou alguns apontamentos sobre a ocupação
do Jalapão e a representação que este possui para a formação da
identidade territorial tocantinense.
A criação do Tocantins em 1988 foi um marco para a população do
Brasil central que desencadeou um processo acelerado de mudanças
socioeconômicas, com abertura de novas fronteiras e, com isso,
inúmeros vilarejos tornaram-se cidades. O que não foi diferente na
região do Jalapão em que vilas tornaram-se cidades, ainda que com
grande dependência dos centros urbanos mais distantes.
Em sintonia com o avanço do debate ecológico no Brasil e da
Política Nacional de Meio Ambiente, o governo federal criou no mais
novo estado brasileiro a Área de Proteção Ambiental (APA) da Serra
de Tabatinga. Essa área de preservação, de cerca de 42 mil hectares,
foi a primeira unidade de conservação (UC) a ser instalada na região
do Jalapão tendo por propósito a conservação da fauna e da flora local
e a proteção das nascentes do rio Parnaíba, de maneira a assegurar
a qualidade das águas e a vazão dos mananciais da região (BRASIL,
1990).
A região tida até então como desértica e de rica biodiversidade
atraiu novos olhares por parte dos governos federal e estadual,
passaram não só a ver o lado da conservação ambiental mas também a
incentivar a produção do artesanato de capim dourado (Syngonanthus
nitens) como uma nova fonte de renda para as famílias, vislumbrando
a delimitação de novas áreas de conservação e preservação ambiental
e a atividade de ecoturismo. Em 1995 o Tocantins cria o Sistema