172 ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA E RESISTÊNCIA: ...
Repórter A: O Consórcio Estreito Energia respondeu pra
gente que a implantação da Usina Hidrelétrica em Estreito,
para que ela acontecesse, 3.378 pessoas proprietárias
de terras foram indenizadas e 600 receberam benefício
para se realocarem. Ainda de acordo com o Consórcio
tem documentos para comprovar que essa ocupação
lá na Usina Hidrelétrica atrapalha a concessão da Usina
Repórter B: O Consórcio disse ainda que a área ocupada
pelos invasores foi declarada de utilidade pública pela
Aneel, que é a Agência Nacional de Energia Elétrica,
e desapropriada pelas consorciadas do Ceste para fins
de formação da Área de Preservação Permanente no
entorno da Usina.
Ressalta-se ainda que, em uma categoria ainda mais ampla
defendida pela Comissão Mundial de Barragens (VAINER, 2008),
os impactos podem ser entendidos sob a perspectiva da “dimensão
temporal do atingido”, isto é, “[...] há grupos sociais, famílias ou
indivíduos que sofrem os efeitos do empreendimento desde o
anúncio da obra, há outros que os sofrem sobretudo durante as obras
e outros, enfim, que serão afetados com o enchimento e a operação
do reservatório”. Nesse sentido, não é raro depoimentos das famílias
em torno do impacto que a construção da barragem teve sobre o
meio ambiente, a paisagem local (florestas e ilhas submersas), o lazer
(sobretudo, as praias sazonais) e o turismo de base comunitária e
espontâneo, outrora, praticado no local, sendo, agora, praticado por
médios e grandes empreendedores através do turismo náutico e do
uso dos jet skis por pessoas de alto poder aquisitivo. A construção
da representação desses impactos é formada através das posições
divergentes: