Lazer_turismo_e_desenvolvimento_regional_na_amazonia_legal

(rafael.frois) #1
TEIXEIRA, T. M; CRUZ, M. S. 69

Um ano após a formação da aldeia, em 1992, com apenas três
famílias, o povo buscava estratégias e recursos para sobreviver na
região. Nesse período ainda não havia uma roça que suprisse as

necessidades da comunidade, além disso, era incipiente a prática da
pesca e da caça, ou seja, o modo de vida dos Omágua/Kambeba não
estava (re) organizado diante dessa nova localidade. Com isso, toda
essa situação tornava a comunidade socialmente vulnerável devido
à falta de recursos básicos para a sobrevivência, principalmente, a
alimentação.
Embora desafiadora a consolidação da comunidade e a

reorganização social dessa etnia num novo território, em 1992, de
acordo com os relatos da dona Diamantina Cruz, 65 anos – umas

das pessoas mais antigas da comunidade – deu-se o “início”^8 a
atividade turística local, mais precisamente, começaram as primeiras
comercializações de artesanatos para agentes externos. Nesse

sentido, essa articulação comercial representou para os atores locais
o incentivo primordial a essa atividade econômica. Tal situação foi
registrada na narrativa a seguir:


Em   1992,   dia     11  de  março,  a   primeira   vez  que     a   Desafio    
(empresa de turismo) encostou aqui. Chegaram aqui
perguntaram se a gente fazia artesanato. Eu respondi
que a gente fazia. Muito não, mas só para o nosso
uso! Ai ele disse então vamos combinar que na outra
semana eu venho (...) ai você já têm feito. E vocês
vendem para o turista. Ai como nós iniciemos. Acharam
bonito, foram vê a qualidade da semente, tudo, como
nós fazia. Então combinaram para todas as semanas eles
virem. Vendemos artesanato de sementes de tento,
caroço de tucumã, cipó, fazíamos aquela cestinha (...).

(^8) Inserimos as aspas em respeito à perspectiva sobre o turismo na fala da nossa
entrevistada.

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