70 A EXPERIÊNCIA E OS DESAFIOS DO TURISMO ...
só era semente e cipó naquele tempo. Não fazíamos
de madeira. As pessoas que começaram a fazer foram
eu, a Neurilene que era pequena, tua tia Teca e tua
mãe, Maria! As sementes a gente também pegava de
toda as qualidades, no igapó por ai! Eles [os turistas]
queriam ver nossa capara, ai que comecemos fazer de
sementes só para mulher. Eu conversei com o papai
e a mamãe sobre o verdadeiro artesanato Kambeba,
disseram que só usava de pucá, ouvido de peixe-boi
que é uma sementinha que parece um cipó. Aí eles fazia
conta mesmo! Esse daí que era os primeiros artesanatos
Kambeba verdadeiros. De lá pra cá muitas empresas
chegaram não me recordo quantas!^9O turismo, enquanto atividade econômica, desde as primeiras
articulações representou para a comunidade como uma potencial
alternativa de renda, o que resultou no apoio, principalmente, para a
compra de alimentos.
Os artesanatos com características próprias e diferenciadas
produzidos por um pequeno grupo de mulheres Kambeba
despertaram o aumento do interesse das empresas turísticas em
investir nesses produtos, consequentemente, aumentaram também,
o número de vendas. Assim, movimentando a renda das famílias
locais. Desde então, busca-se, cada vez mais, aperfeiçoar a confecção
desses artesanatos, se apropriando de técnicas e ferramentas mais
avançadas.
Nota-se que desde o início o modelo de turismo empregado na
comunidade atende aos interesses de atores sociais externos quando
incentivam a comercialização de recursos naturais transformados em
produtos como é o caso dos artesanatos locais, antes confeccionados
(^9) Entrevista concedida por CRUZ, Diamantina. Entrevista 1. [07.2020].
Entrevistador: Mário dos Santos Cruz, 2020.