TEIXEIRA, T. M; CRUZ, M. S. 71
apenas para o uso da própria comunidade. Com isso, Dias (2003)
destaca que essa atividade tornou-se uma das principais usufruidoras do
meio ambiente natural, comprometendo dessa forma a complexidade
de ecossistemas, consequência da não preocupação da importância
de um planejamento, haja vista, que a capacidade de carga interfere
essencialmente não só no aspecto físico dessas localidades receptoras,
mas principalmente, no cotidiano dos moradores locais.
Com o foco na atividade turística, esse povo deixou de viver
da pesca e da agricultura, uma vez que a terra do rio Negro
tem um solo bastante pobre em nutrientes e os rios com uma
biodiversidade diferente das comparadas à do rio Solimões. Nesse
sentido, consideramos que a relação econômica dedicada ao turismo
influenciou uma nova relação com a natureza, tal afirmação pode ser
observada na fala da dona Diamantina Cruz ao se recordar inicialmente
sobre o significado do incentivo ao turismo na comunidade:
Nós se organizamos que era para dar mais renda. Se
não fizesse aquilo não tinha renda! Por isso também
valorizamos a cultura. O turismo nos ajudou também
nessa parte. Antigamente a mamãe plantava um monte
de sementes de todas as qualidades! Estragava! Não
tinha porque fazer muito. Só pra nós usar.^10
A economia impulsionada pelo inicial comércio de artesanatos e
apresentação das danças Kambeba não apenas garantiu a sobrevivência
desse povo como, também, apontou um caminho para uma nova
atividade econômica, além de reforçar a busca pelas raízes culturais e
valorização da identidade étnica do povo Kambeba.
4 O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NOS “TRÊS UNIDOS”
(^10) Entrevista concedida por CRUZ, Diamantina. Entrevista 1. [07.2020].
Entrevistador: Mário dos Santos Cruz, 2020.