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(rafael.frois) #1

78 A EXPERIÊNCIA E OS DESAFIOS DO TURISMO ...


possivelmente, as suas referências equivocadas e limitadas sobre os
povos indígenas do Brasil.
Ressalta-se que, historicamente, a construção da imagem da

população indígena brasileira esteve fundamentada e disseminada
em diversos canais de informação, como os livros didáticos, as
novelas, os filmes, entre outros. Esses comumente retratavam o

indígena como um sujeito na perspectiva colonial, submisso e “não
civilizado” contribuindo, assim, com uma caricatura sobre esses povos
(LUCIANO, 2006).
Diante disso, ainda é possível observar afirmações como essas:
“o índio só usa pena e saia”, “o índio só vive da caça e pesca”, “o
índio é preguiçoso”, “há muita terra para pouco índio”, “o índio
não pode ter celular”, enfim, esses são alguns exemplos de visões
estereotipadas que reforçam preconceitos para com os povos

originários. Para o povo Kambeba essas visões equivocadas quando

são confrontadas com o modo de vida contemporâneo, perdem o
sentido e são abandonadas. Com isso, os moradores entrevistados
atribuem a realização do turismo na aldeia como a oportunidade de
promoção desse choque de realidade. Mais uma vez, essa atividade,
se for bem planejada e baseada nas premissas do turismo comunitário,
aparece como aliada na localidade à causa indígena proporcionando
o encontro, o respeito com relação às diferenças entres povos e
culturas. Tal encontro cultural pode oportunizar a experiência da
interculturalidade que é uma característica do turismo comunitário

definida por Maldonado (2009, p. 31):


[...] A característica distinta do turismo comunitário é sua
dimensão humana e cultural, vale dizer antropológica,
com objetivo de incentivar o diálogo entre iguais e
encontros interculturais de qualidade com nossos
visitantes, na perspectiva de conhecer e aprender com
seus respectivos modos de vida.”
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