TEIXEIRA, T. M; CRUZ, M. S. 79É possível afirmar também, que caso não seja levado em
consideração a realidade local, a comunidade pode enfrentar impactos
avassaladores do turismo no seu cotidiano, tais como o abandono das
práticas culturais e supervalorização da cultura não-indígena. Atentos
a essas consequências, a comunidade busca coletivos aliados ao
desenvolvimento de um turismo responsável na localidade.
Seguindo com as perspectivas sobre a importância do turismo,
encontramos a questão política. Segundo os entrevistados, essa
atividade possibilitou a formação de parcerias e alianças com instituições
governamentais e não-governamentais, como: a Fundação Amazonas
Sustentável (FAS) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do
Amazonas (SEMA-AM). Desse modo, observa-se que essas alianças
contribuem para a formação política do povo Kambeba que passa a
ter acesso, cada vez mais, aos espaços de decisão política assumindo
seu protagonismo na luta em favor pela demarcação de terra, pela
educação escolar indígena, pelas políticas de saúde e outras questões
sociopolíticas. Além disso, considera-se que tais alianças apóiam e
favorecem a visibilidade dos Kambeba.
Por fim, analisamos os aspectos econômicos que influenciam
diretamente na organização social da comunidade. Como já foi
mencionado, o despertar para a atividade turística se deu a partir
das primeiras relações de comercialização dos artesanatos para
auxiliar na renda local e favorecer a compra de recursos básicos para
alimentação. Atualmente, todas as famílias possuem cerca de 50%^14
de sua renda proveniente da prática do turismo. Desde as primeiras
iniciativas que contribuíram para a consolidação do turismo como uma
atividade econômica local, a comunidade reconhece a relevância.
Contudo, apontamos algumas possíveis questões adversas que
podem comprometer a dinâmica socioeconômica dos Três Unidos
como, por exemplo: a sazonalidade e as crises sanitárias mundiais,
(^14) Dado registrado em pesquisa de campo no período de janeiro à julho de 2020.