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Contamos, hoje, com a colaboração de várias universidades que desenvolvem
trabalhos de pesquisa na RPPN Fazenda Caruara (UENF, UERJ, JBRJ, ISECENSA, UFRJ,
UFF). Essas pesquisas nos ajudam a modelar as técnicas de recuperação e têm trazido
resultados bastante positivos. Mesmo com o longo período de estiagem imposto à
região, temos hoje áreas de plantio com taxa de sobrevivência maior que 75%, o que
é muito bom e muito próximo de resultados de recomposição de outros projetos com
diferentes ecossistemas no estado do Rio de Janeiro.
As mudas utilizadas no trabalho de recomposição foram produzidas no Viveiro
Institucional, instalado no Porto do Açu desde 2012. Hoje, o viveiro produz e maneja
70 espécies de restinga, e para cada uma dessas espécies conhecemos o manejo,
época de frutifi cação, fl oração, qual o melhor modo de coleta das sementes, a melhor
área para se plantar e se a planta requer um solo mais seco ou mais úmido. Essas são
informações muito importantes para um projeto de recomposição, que é um processo
árduo e demorado, que não pode ser construído do dia para a noite. Esses dados nos
permitem entender melhor a dinâmica do ecossistema de restinga e replicar isso de
uma maneira mais assertiva.
Esses quatro anos de trabalho com a restinga trouxeram-me o reconhecimento
interno de “Protetor da Caruara”. Hoje, possuo uma relação muito próxima com a
unidade, pois além do desafi o profi ssional em participar da criação e gestão da reserva,
esta se tornou parte de meus sonhos. Sonho em tornar a RPPN Fazenda Caruara uma
unidade de conservação realmente sustentável! Que ela possa um dia gerar renda para
a sua própria manutenção e para fi nanciamento de pesquisas. Este sonho me motiva
bastante porque realmente acredito no futuro dessa unidade. Penso que todo trabalho
construído com amor, verdade e dedicação, por si só, gera um legado positivo.
Atualmente, nosso grande desafi o é buscar meios de difundir todo o conhecimento
aqui desenvolvido. Gostaria que as técnicas de recuperação, ora validadas, fossem
replicadas para todo o litoral brasileiro. Contudo, reconheço meus limites e não fujo aos
desafi os encontrados no caminho. Todas as vezes em que o sonho de consolidação da
unidade é ameaçado ou os desafi os diários apontam-se intransponíveis, subo ao mirante
do centro de visitantes do Porto do Açu (CEVISPA) e renovo minhas forças. Os problemas
parecem se dissipar, pois de lá enxergo a reserva na plenitude de sua beleza! Esta é,
sem dúvida alguma, a vista mais bonita de toda a região. Tornar esta magnífi ca visão da
restinga acessível a todos seria um grande presente aos moradores do município de São
João da Barra. Gostaria que as pessoas pudessem enxergar a restinga como eu enxergo
hoje, e que lutassem para a sua preservação.Acredito que o futuro das restingas
da região norte fl uminense dependa de
investimentos estruturantes nas unidades
de conservação existentes e do incentivo à
pesquisas e à criação de novas unidades
que preservem a identidade paisagística,
territorial e ambiental da região. Unidades
de Conservação com uso público,
direcionamento atual para a RPPN Fazenda
Caruara, devem ser enxergadas como
parte da infraestrutura fundamental para
o desenvolvimento de uma região, ao lado
de estradas, energia, hospitais, aeroportos,
ferrovias e portos.RPPN Fazenda Caruara no Município
de São João da Barra/RJ
Caruara farm NPPR
at São João da Barra/RJ
Foto: Prumo Logística S.A.Daniel Ferreira do Nascimento