MAGAZINE 302 | (^39)
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ESCASSEZ DE PESSOAL
A Boeing afirmou recentemente que, nos pró-
ximos 20 anos, serão necessários 804 mil novos
pilotos e 769 mil técnicos. Desse total de pilotos,
54 milserãonecessáriosapenasnaAméricaLatina,mui-
tosdosquaisnoBrasil.Emboraissoaindanãosejaum
problemanoBrasil,embreveseránorestantedomundo.
Agênciasgovernamentais,empresasprivadase associa-
çõesindustriaisprecisamtrabalharemconjuntoparaen-
contrarsoluçõesparaa próximageraçãointeressadaem
seguircarreirasnaaviação.NosEstadosUnidos,alguns
proprietáriosestãovendendosuasaeronavesporquenão
conseguemencontrartripulantes.Outrosdepartamen-
tosdevooestãocompartilhandotripulantescomouma
solução.Muitaspessoassimplesmentenãoqueremlidar
comesseproblemae, portanto,compramumtempode
compartilhamentooubloqueioemumafrotadeaerona-
ves.Esseproblemaé ummotorparaa próximatendência
emnossalista.7
EXPERIÊNCIA
OUPROPRIEDADE8
MOVIMENTODISRUPTIVOHá 25 anos, o usuário tinha
duas opções quando se
tratava de aviação privativa:
fretamento ou propriedade de
uma aeronave inteira. Hoje
existem dezenas de opções,
mas o que está impulsionan-
do isso é o mais interessante.
Chamo isso de “efeito
Netflix”: costumávamos
comprar dezenas ou cen-
tenas de VHS e DVD que
assistíamos uma vez e depois
guardávamos em nossas
prateleiras. Agora assinamos a
um serviço, por uma pequena
taxa fixa mensal, e assistimos
a qualquer coisa, em qualquer
lugar, a qualquer momento.
Queremos a experiência, não
a propriedade. O mesmo está
acontecendo com a aviação
privativa. As pessoas querem
a experiência e a conveniên-
cia, sem as dores de cabeça e
os desafios da propriedade.Essa mudança está impul-
sionando uma revolução na
aviação, levando à criação de
empresas baseadas em aplica-
tivos, propriedade fracionada,
timesharing e modelos de jet
club. Tudo isso está aconte-
cendo porque os gostos dos
clientes estão mudando e o
mercado está respondendo.Outra tendência (ou revolu-
ção) na aviação é o advento
das aeronaves eVTOL, capazes
de pousar e decolar perfazen-
do movimentos verticais. São
veículos totalmente elétricos
com capacidade de voos
curtos, operando em diversos
locais e voando sem piloto.
Todas as grandes empresas de
aviação estão investindo nessa
novidade tecnológica, com
Embraer e Airbus à frente. A
Uber tem uma divisão inteira
dedicada a levar esta solução
ao mercado, a Uber Elevate.
A Signature Flight Support,
a maior cadeia mundial de
FBO, com 220 participantes,
acaba de se comprometer com
a construção da infraestru-tura de novos terminais para
atender aos passageiros, os
chamados skyports. A Rolls-
Royce, a AT&T e até mesmo
as montadoras de automóveis
estão investindo pesado nessa
tecnologia que transformará a
aviação de maneira sustentável
e segura. Seja por empresas
estabelecidas ou startups, a
aposta é que esse segmento
continuará a crescer como
um método viável para levar
as viagens aéreas às massas,
reduzindo drasticamente
os custos. Há várias outras
tendências que merecem des-
taque, incluindo o advento dos
biocombustíveis, a redução de
emissões e a dependência
de big data.*O consultor de aviação David Clark é diretor
administrativo do Integris Aviation Group
e especializado em vendas e aquisições de
aeronaves no Brasil, trabalhando com algumas
das maiores empresas e pessoas físicas com
altíssimo patrimônio do país.