VOO LIVRE REVISTA LITERÁRIA - EDIÇÃO DE JUNHO - Nº 11

(MARINA MARINO) #1

O milionário chegou ao Brasil
efusivo e cheiode expectativas. Já o
pássaro,tristeeenfraquecido.
Nanoitemarcadaparaosarau,
Éverton foi buscar Cristina na hora
aprazada. Mas ao entrar no
automóvel, a poetisa viu umgrande
sacodeveludoazulescuroquejazia
no banco de trás.E como deduzisse
que era para Paulo, elogiou o
namoradoportamanhadelicadeza.–
Ela notou pequenosfuros no tecido,
masachoumelhornãocomentar.
Ocasalfoi oúltimo achegarà
casa de Paulo, que os recebeu com
polidez,mascomumsorrisoamarelo.


Évertonentregouopresenteao
dono da casa, blasonou-se de tê-lo
trazido no seu próprio iate, e pediu
que sóoabrissemomentosantesde
começar a falar, justificando que o
mimo mexicano o inspiraria noite
adentro.Pauloprometeuqueofaria.
Depois das apresentações,
Paulo abriu oficialmente o sarau e
perguntou quem primeiro
declamaria.
Não se precisaria dizer que
todosointimaramaquecomeçasse.
MascomoÉvertonoencarasse,
cobrandooprometido,Paulonãoteve
alternativa senão a de ir pegar o
embrulho que deixara no rol de
entrada.
E como retornasse sob um
entusiástico coro de “Abre! abre!...”,
passouadesatarolaço.
Ao levantar o conteúdo, ficou
estarrecido! Era uma gaiola
esmaltadaembranco,eque,porisso,
realçavaacordoseuprisioneiro.–Ao
ser surpreendida com o novo
ambiente,apobredaavezinhapulava
de um lado para o outro, como a
buscar umburaco porondepudesse
fugir.
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