Visão 1373 [27-06-2019]

(claudioch) #1

lo~ ~tor~ q


Woody, Buzz e ... o garfo de plástico


A grande novidade neste regresso é um brinquedo tosco, feito a partir


de um garfo, chamado Forgy. "Toy Story" entrou na era da reciclagem


As crianças que viram o primeiro Toy Story, em 199S,já terão idade



para levar agora, alegremente, os se us filhos ao cinema para ver
o Toy Story 4. Mais do que em qualquer outra saga de animação,
em Toy Story vinga a ideia de acompanhar o crescimento dos próprios
espectadores. Como se os criadores não quisessem nunca abandonar
o seu primeiro público. Assim, em Toy Story 3 deparávamos com
Andy, a criança que vimos crescer, a partir para a universidade e a despedir-se
dos seus brinquedos depois de, numa derradeira e infinita tarde, brincar com
todos eles pela última vez. Em Toy Story 4, de Andy ficam apenas as memórias.
Entramos numa nova geração e os brinquedos têm uma nova dona, Bonnie



  • a menina a quem Andy deu os se us brinquedos antes de partir.
    Se no terceiro filme era Andy que crescia e partia, aqui é Woody, o xerife, que
    adquire uma maturidade dada pela sua i mensa experiência enquanto brinquedo.
    Há, logo à partida, uma secundarização dessa personagem, por uma questão
    de género -Bonnie não é Andy e prefere outro tipo de bonecos, como a cowgirl
    Jessie. Contudo, a personagem de Woody já é suficientemente sábia para não se
    nortear pelo ciúme, como acontecia na rivalidade com Buzz Lightyear em filmes
    anteriores. Prevalece, antes, um sentido de missão: o dever de um brin quedo é
    o de zelar pela felicidade da sua criança. E Woody, com to da a sua experiência,
    perante uma creche de uma rigidez absurda, revela-se um autêntico líder,
    ao proteger Bonnie, como um anjo da guarda, mantendo-se invisivelmente
    próximo e cuidando de Forgy, o boneco tosco e frágil que a própria Bonnie
    construiu com um garfo de plástico, que se torna a grande novidade deste filme.
    Nove an.os depois do terceiro episódio, Toy Story 4 mantém intocáveis a
    qualidade do argumento, a es tética da animação e, sobretudo, uma invulgar
    capacidade de comoção. Tal como os filmes anteri ores, constrói-se com
    diferentes camadas de leitura, para haver a certeza de que os pais levam
    as crianças ao cinema. Ou vice-versa.lll Manuel Halpern


...
De Josh Cooley, vozes de Tom Hanks, Tim Allen, Annie Potts > 100 m inutos


linnas Tortas

É raro encontrar um filme
português onde se sinta
de forma tão clara o pulsar
da contemporaneidade.
Sobretudb, que explore
as redes sociais enquanto
manancial de intriga
romanesca. Linhas Tortas
é uma história de amor em
tempos de Twitter. A rede
social poderia ser outra,
o Facebook ou o lnstagram.
E até, remotamente, as
cartas anónimas, se bem
que se perderia a questão
do imediatismo, que marca
a diferença em relação à
intriga camiliana.
Encontramos António, ·um
veterano cronista político,
que vive num esforço
inglório para se adaptar aos
tempos modernos, numa
família disfuncional, com
um filho adulto que ta rda
em sair de casa. No Twitter,
António transforma-se em
Rasputin, uma endiabrada
personagem, que manda
tweets espirituosos. Pelos
encantos da sua escrita
online deixa-se seduzir
Luísa, uma jovem atriz,
em princípio de carreira.
Os dois trocam
intensamente mensagens.
Ele sempre anónimo, ela
sem medo de mostrar-se
e desejando um encontro.
Uma relação improvável,
que a construção bem
trabalhada do argumento
torna praticamente
impossível. Linhas Tortas
é um filme de argumento,
com uma intriga edipiana,
em que certas fragilidades
são compensadas pela
força universal da história
que tem para contar. Uma
primeira longa de Rita
Nunes, realizadora com
um percurso irregular,
que conta com boas
interpretações de Joana
Ribeiro e Américo Silva.
III M.H.

...
De Rita Nunes, argumento de
Carmo Afonso, com Joana Ribeiro,
Américo Silva, Miguel Nunes,
Ana Padrão > 68 minutos

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