No seu 19! disco
de estúdio, Bruce
Springsteen
dispensou
a presença
daEStreet
Band. Mais de
20músicos
contribuíram
para o registo
das13novas
canções de
Western Stars,
produzido
(tal como os
dois discos
anteriores)
por Ron Aniello
Western ~tars ~ruce ~~rinosteen
O poder do veterano
Treze novas canções como só o "boss" sabe fazer. A voz da América volta a ouvir-se, a contar-nos
histórias ao ouvido
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Nem é preciso tradução, mesmo para
os menos familiarizados com a
omnipresente língua inglesa. O ponto
é que ninguém canta ".from town to
town ... ", "I wake up in the morning,
just glad my boots are on" ou
"so I work all day out here on the county line"
como Bruce Springsteen. Até poderá haver quem
o faça, mas estará mesmo a imitar o músico
nascido em Nova Jérsia em 1949. É mais do que
um estilo, no caso de Springsteen é questão de
uma identidade já histórica, familiar um pouco
por todo o mundo (como as que conhecemos
por detrás da voz de Dylan, Cohen ou Lou Reed).
" Aqui temos, então, o "boss" a dizer-nos ao
ouvido: "Same o ld cliché, a wanderer on his
way, slippin'from town to town." E tudo isto
soa a reencontro. Afinal, desde 2012 que não
havia um disco com canções novas de Bruce
Springsteen (Wrecking Ball, marcado, ainda,
pela consequências globais da crise financeira
de 2008 / 2009). O seu mais recente álbum,
High Hopes, foi lançado no início de 2014 mas
revisitava material antigo, em novas versões.
No primeiro disco de Bruce Springsteen
na era Trump não se esperava encontrar uma
insistência na palavra "hope" (esperança), mas
a verdade é que Western Stars também não é
um disco de combate ou de intervenção, como
muitos esperavam. Até pode ser, mas de uma
forma serena e indireta, regressando (35 anos
depois do histórico e comprometido Born in the
U.S.A., que ainda hoje alimenta mal-entendidos)
a canções com personagens e histórias dentro
- gente perdida, à procura, viajantes em busca
de uma nova vida, de se encontrarem, de se
pacificarem com as suas memórias. Fala-se
da pop californiana dos anos 60 / 70 como
influência sonora para estas canções, mas, em
2019, estas orquestrações exatas, ora discretas
ora épicas e grandiosas, surgem como uma
espécie de "música clássica", códigos históricos
do cancioneiro norte- americano mas liberto da
repetição dos clichés da country e dos blues.
Chega-se ao fim das 13 canções de Western
Stars e sentimos que a música de Bruce
Springsteen tem uma função a desempenhar
hoje: assegurar-nos da certeza da América,
de uma certa América, entre mito e realidade.
lll Pedro Dias de Almeida
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