onde serão "instalados" os governantes.
E pode haver surpresas.
GOVERNO EM CAMPANHA
Pedro Siza Vieira está a ser ponderado
para liderar a lista por Braga. O Porto
pode servir de palco para outro gover-
nante: João Pedro Matos Fernandes. Essa
candidatura poderia, a médio prazo,
servir de rampa de lançamento para uma
corrida à autarquia, em 2021. Uma solu-
ção, um problema: onde colocar Augusto
Santos Silva? O ministro dos Negócios
Estrangeiros teria de "saltar" para a
terceira posição por força da paridade.
Em Coimbra, Marta Temido está a ser
analisada como hipótese, mas é preciso
perceber o seu nível de toxicidade elei-
toral. Ana Abrunhosa é uma alternativa.
O facto de ser uma cara nova pode jogar
a seu favor, mas o envolvimento da pre-
sidente da Comissão de Coordenação e
Desenvolvimento Regional do Centro na
polémica da reconstrução de casas em
Pedrógão Grande pode ser um contra.
Apostas mais garantidas são as de
Lisboa (António Costa) e Setúbal (Ana
Catarina Mendes). Carlos César será o
primeiro nome dos Açores - não sendo
certo que continue a liderar a bancada,
depois de já se ter mostrado saturado
das funções.l!J [email protected]
OPINIÃO
O "caso" do Edifício
Coutinho
POR JOSÉ CARLOS DE VASCONCELOS
ecordo-me bem de uma con-
versa, logo após o 25 de Abril,
com o meu amigo Nuno Por-
tas, secretário de Estado de
Habitação e Urbanismo do
I Governo Provisório, já um
arquiteto muito prestigiado,
Prémio Valmor nesse ano de
- Dizia-me ele que no Algarve
várias zonas já estavam tão destruí-
das que não havia nada a fazer. Mas
que esperava poder impedir a con-
sumação de gravíssimos "crimes"
paisagísticos e urbanísticos, de que
me deu três exemplos: a) o Edifício
Coutinho (EC), em Viana do Castelo,
no centro da cidade, frente ao jardim
e ao rio, que com os seus 13 andares
desfiguraria o admirável velh o casco
urbano da cidade; b) uma impensável
torre de 28 pisos, na Póvoa de Varzim,
a poucas dezenas de metros da areia e
do mar; c) um prédio de
e no tecido ur~o da bela Viana. Ga-
rantindo, claro, soluções alternativas
de habitação digna aos moradores
e indemnizações aos proprietários.
O processo começou em 2000, em
2005 foi decretada a "declaração de
utilidade pública da expropriação
do prédio", seguiram- se incontáveis
litígios e o costumeiro recurso para o
Tribunal Constitucional... O processo
está agora, passados 19 anos (19!), a
chegar, enfim, ao fim. .. Houve acordos
com a maioria dos 300 moradores
iniciais, restam 12 ou 13 em vias de
terem de deixar o edifício, ~e não ti-
ver provimento mais uma anunciada
providência cautelar.
. O que quero sublinhar e concluir
com este expressivo exemplo? Muito
em síntese, três coisas:
- A tremenda responsabilidade de
quem promove ou autoriza tais crimes,
que continuarão a veri-
14 andares na encosta do
famoso Sítio da Nazaré.
Pois esses três
monstruosos crimes
foram consumados.
Não houve Portas, ins-
tituições, movimentos,
cidadãos que conse-
guissem impedi-los.
Faltaram, ao Estado e
às autarquias, instru-
mentos legais, e/ou em-
penho bastante, e/ou
dinheiro para as vul-
tuosas indemnizações
que teriam de pagar aos
"empreendedores", ou
Um exemplo
dos grandes
crimes
paisagísticos
e urbanísticos
ficar- se, em menores-
cala, e a necessidade de
haver formas mais ex-
peditas de os impedir;
2) A evidência de os
cidadãos terem garan-
tidos meios, próprios
de uma democracia, de
impugnar decisões da
Administração Pública
que entendem afetar os
seus legítimos direitos;
e da necessidade
de umajustiça
mais eficaz
e rápida para
os impedir
3) A não menor evi-
dência de ser impres-
cindível, sem prejuízo
destas garantias, a Jus-
tiça funcionar melhor
ou combater
patos bravos, que obtinham tais
licenciamentos, muitas vezes não se
sabia bem como ou porquê ...
Em relação ao EC, logo em 1975, a
autarquia tentou parar a construção,
mas não conseguiu verba para o efei-
to. Em 1990 o presidente da Câmara,
Branco Morais (PSD), quis reduzi-lo
a seis andares, com o mesmo resul-
tado. Até que Defensor de Moura
(PS) avançou, com coragem, apoio da
população, e graças também ao pro-
grama Polis, com a decisão de apagar
aquela enorme nódoa na paisagem
e sem que os processos se arrastem
anos e anos, mormente através de
expedientes processuais dilatórios
e valendo- se de decisões dos tribu-
nais iqjustificavelmente demoradas
e contraditórias.
Digamos, pois, que este "caso" do
Edifício Coutinho é um expressivo
exemplo das consequências dos gran-
des crimes paisagísticos e urbanísti-
cos, e da necessidade de uma legisla-
ção mais adequada e uma Justiça mais
eficaz para os impedir ou combater.
III [email protected]
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