Visão 1373 [27-06-2019]

(claudioch) #1

l·t1· 1 22kU22


Muita procura,


pouca oferta


Portugal só agora está a
despertar para este mercado
mas é considerado um dos mais
"emergentes" da Europa

A reputação crescente das nossas
universidades e a promoção do País
como um dos melhores da Europa
para investir, visitar ou residir tem
atraído um número crescente de
estudantes internacionais. No ano
letivo 2017 /2018, do total de
372 800 universitários, 49 700
eram estrangeiros, um significativo
aumento de 156 % em comparação
com 2009 /2010, segundo dados
da Direção-Geral de Estatísticas da
Educação e Ciência, citados no estudo
Portugal Student Housing/ 2019
Report, elaborado pela consultora
JLL. Assim, em Lisboa concentram-
-se 31 % do total de estudantes a
nível nacional (116 700), atraindo a
cidade também o maior número de
internacionais - 17 900-aos quais
se juntam mais 41600 portugueses
deslocados das suas casas. Ou seja,
mais de 59 mil jovens a necessitar de
acomodação. A maior parte da oferta
é assegurada por apartamentos (ou
quartos) particulares. A plataforma
Uniplaces tem mais de 5 790 camas.
Há ainda 1 800 quartos associados
a residências universitárias estatais
ou religiosas, e 17 operadores que
fornecem 1 490 quartos/ estúdios.
Feitas as contas, a consultora aponta
para a necessidade, em Lisboa, de
14 a 20 mil camas com qualidade
idêntica à do padrão europeu. Já o
Porto registou no ano letivo passado
58 200 alunos (16% do total), em
que se incluem 7 400 estrangeiros e
18 000 portugueses deslocalizados.
Ou seja, cerca de 25 000 com
necessidades de alojamento. O Estado
e as instituições reli~osas garantiram
1 250 quartos nas suas residências, a
que se somam 2 220 unidades, entre
apartamentos e quartos privados,
registados na Uniplaces. Entre os
11 operadores com oferta estruturada
a atuarem atualmente na Invicta,
a JLL contabilizou uma oferta de
420 quartos. Para o Porto, a
consultora estima uma necessidade
de cerca de 10 mil camas alinhadas
com os padrões europeus.

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e a integração de 40 unidades no Mos-
teiro de Santa Maria do Mar, edifício
adquirido há dois anos pela câmara e
que integrará outras valências além do
alojamento de estudantes. "Acima de
tudo, queremos atrair conhecimento e
rejuvenescer o concelho, por isso va-
mos manter a aposta nos mais jovens",
sublinha Carlos Carreiras, referindo
esperar que a "lógica de preços baixos
praticados na oferta municipal ajude
a regular os valores pedidos pelos
privados".
Entre estes projetas de promotores
privados, um dos primeiros a terminar
este ano será a residência universitá-
ria da Milestone, empresa do grupo
austríaco Value One. O edifício, com
capacidade para 200 estudantes, é
uma das obras da Fragmentos de
Arquitectura com a Garcia Garcia,
construtora que também· assegurou
outro imóvel da Milestone no polo
universitário de Paranhos, no Porto,
bem perto da Faculdade de Medicina
Dentária, e também em fase de con-
clusão. "Estamos em ensaios finais do
edifício de Paranhos (ar condicionado,
iluminação, etc.), mas em duas sema-
nas entregamos a obra", diz Miguel
Garcia, administrador da construtora,
referindo que, só em Paranhos, há
neste momento mais três residências
universitárias em construção.
"Há muitos operadores a chegar ao
mercado estimulados pelos estudantes
que vêm atraídos pelos bons rankings
das nossas universidades. Existe, de fac-
to, um grande potencial de crescimento
e não só em Lisboa ou Porto. Estamos
a assistir a uma grande dinâmica em
localizações como Braga, Aveiro, Gui-
marães ou Famalicão", exemplifica o
administrador da Garcia Garcia.
Uma descentralização por parte
dos operadores que acompanham não
só o fluxo de estudantes, mas também
a busca de boas oportunidades em
mercados menos "aquecidos" no que
diz respeito aos preços dos terrenos
ou dos edifícios a reabilitar.

UM MERCADO MISTO
Ricardo Kendall, CEO da Smart Stu-
dios, empresa com residências uni-
versitárias também em Carcavelos e
Paranhos, diz que todos os dias lhe
chegam propostas de venda de imó-
veis para reconverter em alojamento
para estudantes. A questão é o preço
a que estes estão a ser vendidos, a
que acresce os custos de construção,
que sofreram' igualmente um grande
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