Jornal de Letras, Artes e Ideias

(claudioch) #1
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DESTAQUE

jomaldeletros.pt • 19 de junho a 2 de julho de 2019 / JL



BREVE ENCONTRO<



l~r11and() Vásquez (~est)


Pensar o cinema


t[ A realizadora iraniana Marjane Satrapi, o indiano Ritesh Batra,
os diretores de fotografia Manuel Alberto Claro (filmes de Lars Von
Trier) e Stuart Dyburgh (Jane Campion), o editor Jonathan Morris
(Ken Loach), o argumentista Tony Grisoni (~ Man Who Killed Dom
Quixote) são apenas alguns dos convidados do Fest, festival de cinema
jovem, que funciona também como uma espécie de col6quio sobre as
várias áreas do cinema. O lL falou com Fernando Vásquez, o diretor
do Festival que decorre em Espinho, de 24 de junho a 1 de julho


JL: Este é um festival com várias vertentes. Qual o conceito?
Fernando Vásquez: O festival são vári9s eventos a acontecer em
simultâneo. Há uma parte de cinema puro e dúro, onde se exibem
filmes em busca de novos talentos. E depois existe uma parte ligada à
indústria de cinema, com uma vertente dirigidas a pessoas que pre-
tendem vir a trabalhar em cinema e outra, mais especializada, para
aqueles que já têm alguma experiência no setor. O objetivo é criar
uma ponte entre quem produz cinema e os espetadores comuns.

Para tal uma escolha de convidados muito variados, abrangendo
diferentes áreas do cinema. Como se construiu esse equillbrio?
O equilíbrio vem do facto de termos uma visão universal de cinema.
O cinema é uma arte coletiva. Pelo que, para transmitir a ideia do
que é trabalhar em cinema é muito importante dar a conhecer todos
os sectores, seja a realização, o argumento, a edição, mas também
questões técnicas mais específicas, como o guarda-roupa, o design de
produção, a maquilhagem e ainda a parte administrativa do cinema,
como o financiamento, a distribuição ... Qualquer pessoa que queira
trabalhar em cinema tem de compreender
as bases, mas tal nem sempre é lecionado em
cursos académicos.

Há também uma heterogeneidade geográfica,
com convidados de todo o lado, com um foco
especial no Médio Oriente.
Temos a Marjane Satrapi, um realizador ira-
quiano e uma realizadora saudita. Percebemos
que em diferentes partes do mundo pensa-se
em cinema de forma radicalmente diferente
e até oposta. É uma boa maneira de promover o debate. Fazemos
questão que o debate não se restrinja às masterclasses. O que mais se
destaca no evento é todo o ambiente em volta do festival.

Que outros nomes destaca?
O Jonathan Morris, um editor que trabalha há cerca de-40 anos com
o Ken Loach, que vem descrever as faculdades que teve que adquirir
para melhor transmitir aquelas histórias de realismo social. Manuel
Alberto Claro, o editor de fotografia dos últimos filmes de Lars Von
Trier. E o editor Stuart Dyburgh, que trabalhou com Mira Nair e Jane
Campion.

E da programação de cinema? O que vão exibir?
Queremos ser uma janela para o futuro do cinema, por isso
construimos uma programação para identificar novos talentos do
cinema. Isso reflete-se na nossa competição de longas, que tem
filme Tremors, do guatemalteco Jayro Bustamantes, que conta a
história de um homem que é obrigado a participar num centro de
reabilitação de homossexuais. Manta Ray, um thriller tailandês,
vencedor do prémio Orizzonti em Veneza. Nas curtas, temos o
Eduardo Casanova, conhecido como o novo Almodóvar, um dos
mais excêntricos novos realizadores europeus. Destaco também o
nosso grande prémio nacional, onde vai passar, por exemplo, Direito
à Memória, de Rúben Sevivas, um filme que desenterra um discurso
de Humberto Delgado, em Chaves, e mistura- o com a imagens do
espaço do cineteatro, onde se deu o discurso. .JL

Carlos Bunga Em Guimarães Um olhar retrospetivo sobre 15
anos de trabalho, Arquitetura da vida, do artista português
residente em Barcelona Carlos Bunga, inaugura -se a 29, às 21
e 30, no Centro Internacional das Artes José
de Guimarães ( CIAJG). Tal como Geometria
sónica, uma seleção de obras que usam o
som, de 13 artistas, alguns dos quais, Ricardo
Jacinto, Pedro Tropa, Manon Harrois,
Francisco Janes, Tomás Cunha Ferreira e Pedro Tudela, vão
apresentar concertos e performances numa 'noite sónica', a
partir das 23, que encerra as duas inaugurações do novo ciclo
expositivo do centro de Guimarães, dirigido por Nuno Faria.

AGUSTINA NO JL LITERATURA-MUNDO CASA MANOEL DE PAULO BRANCO
EM CABO VERDE OLIVEIRA PRÉMIO DA VINCI
No texto inédito de Eduardo
Lourenço (ELi sobre Gonçalo M. Tavares, o escritor A Casa do Cinema Manoel O produtor de cinema Paulo
Agustina publicado no nooso vietnamita Chi Trung, os Oliveira será inaugurada, Branco foi distinguido com
último n!! referiu-se, em brasileiros Geovani Martins e segunda-feira, dia 24, em o prémio Leonardo Da Vinci,
nota, que tinha sido escrito Tom Farias, o espanhol Carlos Serralves. O espaço recebe atribuído pelo Conselho
para a cerimónia em que foi Quiroga, o moçambicano Luís uma exposição permanente Cultural Mundial. Segundo
padrinho da escritora no seu Carlos Patraquim, o nigeriano com "um percurso abran- o júri, o prémio "vem
doutoramento honoris causa Niyi Ousundare, o angolano gente através da obra do reconhecer a dedicação do
pela UTAD Universidade Josué Gonçalves e mais de uma realizador", e uma exposição produtor português com
de Trás-os-Montes e Alto dezena de outros autores e temporária que, segundo a novas visões de expressões
Douro), em outubro de 2108. investigadores de Cabo Verde, organização, "concentrar-se- cinematográficas e o seu
Entretanto, o Público deu a Alemanha, Angola, ~rasil e -á nas muitas e muito diver- compromisso em cultivar
lume outro texto de EL, com Portugal, estarão no Festival sas representações do espaço uma intensa comunicação e
a mesma referência. Assim, Literatura Mundo-Sal, que da casa no cinema de Manoel atividade entre as diferentes
esclarece-se que a nota decorre de 27 a 30, em Cabo de Oliveira". Com arquitetura áreas da Cultura, como a
do JL está correta e que o Verde, no qual se pretende de Álvaro Siza, este novo Literatura, as Belas-artes e a
texto saído naquele diário refletir sobre a literatura de espaço é fruto de um pro- Música". Em 13 edições, esta
já fora publicado na revista diferentes latitudes, afastada tocolo, assinado em 2008, é a primeira vez que o prémio
Colóquio em 2010. Esclarece- dos circuitos cJ..ominadores entre a Fundação Serralves e é atribuído a um português
se ainda que do texto de anglo-saxónicos. Este ano os o próprio realizador, que en- e também a alguém ligado
Hélia Correia, também escritores homenageados são tregou ao museu um núcleo ao cinema. O prémio será
inédito, saído nessa nossa. Orlanda A manus e Goethe documental por si reunido ao entregue em outubro, na
mesma edição, "Genialidade -pois o escritor alemão é longo de mais de^80 anos. O cidade japonesa de Tsukuba.
serena e elegante", caiu a um percursor do conceito programa museológico é da Com centenas de títulos no
data que tinha no final, XX Weltliteratur, que inspira o responsabilidade de António currículo, Paulo Branco é o
de 2004-podendo assim próprio festival. Organizado Preto, especialista na obra do mais importante produtor de
pensar-se que fora, e não pela editora Rosa de Porcelana, cineasta. cinema português de todos
foi, ·escrito na morte da nesta edição o festival conta os tempos e um dos mais in-
romancista. com a curadoria científica de fluentes produtores europeus
Inocência Mata. da atualidade.
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