Ele não diz nada, mas também não me impede.
— Eu finalmente entendi o que Kim estava dizendo. Eu não
entendia antes. Eu não a escutei antes. Mas finalmente, depois
desse tempo todo, eu entendo o que ela queria de mim. Pra mim.
A melhor coisa que eu posso fazer para honrá-la é caminhar
sozinho, Sam. Como ela queria. Eu preciso deixá-la ir. — Eu
silencio e olho para ele por um longo momento, percebendo que
ele precisa disso tanto quanto eu. — Você também.
Ele se levanta com um impulso enquanto eu me esforço para
fazer o mesmo. Quando nossos olhos se encontram, ele me dá
uma longa olhada antes de desviar o olhar com culpa.
— Eu sinto muito por você ter descoberto assim.
— É — eu digo, assentindo com a cabeça enquanto penso
nas palavras dele no parque. — Várias coisas fazem sentido
agora. Como você sempre a defendia. Ficava do lado dela.
— Eu ficava do seu lado também — Sam diz. — Eu nunca fui
atrás dela. Nunca contei a ela o que eu sentia.
— Você também nunca contou pra mim — eu digo. — Você
poderia ter contado.
— Isso teria mudado alguma coisa? — Ele pergunta.
Eu sacudo a cabeça, sabendo a verdade.
— Provavelmente não.
Ele sorri e eu sei que nós dois estamos ouvindo a voz dela na
nossa cabeça. Mas não do jeito “lesão cerebral”. Não dessa vez.
— Mas — eu prossigo — acho que agora isso muda algo. Eu
consigo ver a verdade no que você disse antes. Nós precisamos
ser sinceros com nós mesmos.
Nós nos encaramos, inseguros sobre o que fazer. Optamos
por um abraço rápido e então Sam cutuca meu braço, sorrindo
com alguma malícia.
— Você sabe o que sua mãe fez com aquela cerveja? — Ele
pergunta.
Eu aponto a saída com a cabeça, sorrindo da mesma forma.
— Quer descobrir?
Nós caminhamos juntos para fora do cemitério, só nós dois.
Embora eu estivesse falando com Sam, tenho certeza de que
Kim estava lá. Eu sinto que ela me ouviu. Que eu finalmente
car0l
(CAR0L)
#1