justo que eu esteja aqui e ela não. Eu quero ser como ela, mas
não sou. Eu nunca vou ser.
Eu toco a bochecha dela de leve e seu rosto se volta para
mim.
— Você não precisa ser como ela, Marley. Você já é
completa.
Ela nega com a cabeça e baixa os olhos para os pedaços do
lírio destruído no chão.
— Você é — eu repito, pensando em todas as coisas que
compartilhamos desde que nos conhecemos. — Marley, você me
fez sentir compreendido de uma forma que ninguém nunca fez.
Você é gentil, uma ótima ouvinte e também forte pra caramba. Eu
acho que suas histórias são tão incríveis porque você conhece a
perda. Você conhece o amor. Você sabe o que é sentir — eu
digo.
Ela mantém a cabeça baixa, em silêncio.
— Pra mim, você é a melhor parte disso tudo. Eu estava
muito mal quando nos conhecemos e você fez eu me sentir vivo
de novo. Você não consegue ver como é especial? — Eu tento
me inclinar para a frente para ver o rosto dela, mas ela não se
mexe, então eu tento deixar as coisas mais leves. — Quer dizer,
quem dá flores para as pessoas por causa do significado delas?
Quem mais tem à disposição um exército de patos que amam
pipoca?
Eu sei que não vou convencê-la de imediato, mas nós não
temos só o hoje. Não temos só esse momento. Temos tempo.
— Eu estou falando sério, Marley — eu digo, puxando-a para
perto, aliviado quando ela deixa eu me aproximar com seu cheiro
de jasmim e flor de laranjeira, acolhedora e familiar. Eu a envolvo
com os braços, abraçando-a forte pela primeira vez.
— Sem mais histórias tristes. Eu prometo — eu sussurro.
E foi assim que nós começamos uma história nova.
car0l
(CAR0L)
#1