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— Experimenta esse — minha mãe diz, erguendo
um blazer enorme em risca de giz. Eu faço uma careta, sem
saber como sinalizar que ela achou o item mais feio desse lugar.
Às vezes minha mãe é perfeita para escolher roupas. E outras
vezes ela sugere que eu experimente um blazer azul em risca de
giz.
Por sorte, ela entende minha expressão e ergue uma jaqueta
esportiva cinza escuro no lugar.
— Você quer parecer casual, mas profissional.
Eu a pego da mão dela e visto: o tecido adere
confortavelmente aos meus ombros e braços. Me examino no
espelho da loja de departamentos.
O que Marley iria pensar? Ela acharia que estou bonito?
Tento abaixar meu cabelo e meus olhos encontram a cicatriz
fina na minha testa, o lembrete persistente de tudo o que
aconteceu nos últimos meses.
Quanto mais tempo eu passo olhando para a jaqueta e para o
meu reflexo, mais nervoso eu fico para a entrevista amanhã.
Minha mãe ajusta a gola e me examina.
— Eu conheço essa cara — ela diz, dando um tapinha no
meu rosto. — É sua cara de preocupação em dia de jogo
importante.
Eu olho para ela.
— É tão óbvio assim?