— Ora, obrigado. Mas talvez não seja a melhor coisa de se
usar pra empinar uma pipa.
— Eu não empino uma pipa há anos — Marley diz enquanto
ajusta minha gola com a mão.
— Achei que podia ser divertido — eu digo, erguendo-a. —
Você disse que costumava amar fazer isso quando era pequena.
E... hoje está ventando bastante.
Como se tivesse sido ensaiado, o vento ergue o cabelo dela,
jogando-o para um lado e para o outro. Ela toca de leve a
madeira fina da pipa, assentindo com a cabeça.
Dá bastante trabalho lançar a pipa. Nós soltamos um pouco
da linha e nos revezamos correndo pela grama, mas a brisa a
apanha e solta com a mesma rapidez, e a pipa mergulha
inúmeras vezes no chão.
Finalmente, na quinta tentativa, ela se ergue suavemente pelo
ar.
Eu giro com a linha deslizando pelos meus dedos. A pipa se
vira para a direita e para a esquerda, o vento a faz dançar pelo
céu nublado de outono.
Assim que ela se firma, passo a pequena barra de madeira
para Marley, e observo o olhar dela fixo na pipa, seu rosto aberto
de um jeito lindo.
— Você tem planos para o Halloween sábado que vem? —
Eu pergunto.
— Na verdade, não — ela diz e a pipa mergulha. Ela puxa a
linha de novo, firmando-a. — Outras pessoas... Não é muito a
minha praia.
— Bom — eu respondo, nada surpreso. — Minha mãe vai
viajar e eu gostaria da sua ajuda pra distribuir os doces.
Ela me olha com ceticismo.
— Vai ser divertido — digo. — Nós podemos vestir fantasias
de Halloween e tudo — eu acrescento, tentando animá-la. —
Quer dizer, como não amar fazer isso? Você pode ser quem ou o
que quiser.
Eu observo a mente dela funcionar, pensando nisso.
— O.k. — Ela diz, finalmente. Então encosta em mim e eu
beijo a testa dela. — Mas só porque você parece muito animado
car0l
(CAR0L)
#1